Dezoito hospitais do Rio Grande do Sul que prestam
atendimento pelo IPE Saúde anunciaram a suspensão nos atendimentos eletivos a
partir da próxima segunda-feira (6). A medida é uma resposta ao governo do
Estado pelo reajuste nas tabelas que afetam valores pagos pelo plano por diárias, taxas, materiais,
medicamentos e dietas oferecidos a segurados.
O impasse envolvendo o reajuste dos valores pagos pelo
plano aos hospitais começou em fevereiro, quando o governo do Estado publicou
as normativas alterando o modelo de remuneração dos 241 hospitais credenciados
ao sistema.
O IPE Saúde justificou que a mudança, apesar de reduzir
valores pagos por medicamentos e dietas, aumenta as cifras dos materiais
hospitalares e das diárias e taxas. Treze hospitais recorreram à Justiça
questionando os reajustes. Após uma decisão liminar favorável às instituições
de sáude, a desembargadora Laura Louzada Jaccottet, da 2ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, derrubou a suspensão e manteve a
validade das novas tabelas.
O
anúncio foi feito nesta segunda-feira (29) pela Federação dos Hospitais e
Estabelecimentos de Serviços de Saúde do RS (Fehosul) e pela Federação das
Santas Casas e Hospitais sem fins Lucrativos do RS (Federação RS). A medida afeta,
segundo as entidades, 25.446 segurados do IPE Saúde com consultas,
exames, internações e procedimentos marcados. Atendimentos
de urgência e emergência não serão suspensos.
Entre os hospitais estão Divina, Ernesto Dornelles, Mãe
de Deus, São Lucas da PUCRS, Santa Casa de Porto Alegre, Tacchini (Bento
Gonçalves) e São Vicente de Paulo (Passo Fundo). As 18 instituições de saúde são responsáveis por 60%
da assistência ao IPE no Estado.
Os
atendimentos agendados até domingo estão mantidos. Os demais pacientes serão
contatados ao longo da semana. A
nova tabela do IPE já entrou em vigor este mês, reajustando
valores em diárias, medicamentos e materiais hospitalares.
Procurado
pela reportagem, o IPE Saúde disse em nota que "a medida, que pode
acarretar a desassistência aos beneficiários do IPE Saúde, é contrária à
transparência e ao diálogo que sempre pautaram a relação entre as
instituições" .
Profissionais estão comunicando pacientes
O
anúncio desta segunda-feira contou com a presença de representantes da
Associação Médica do Rio Grande do Sul, Conselho Regional de Medicina e
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Conforme as entidades, profissionais já
estão comunicando pacientes sobre o fechamento das agendas nos próximos dias.
Os
hospitais questionam
as conclusões do estudo realizado pelo governo do Estado que apontou sobrepreço na cobrança de medicamentos.
Houve casos de valores praticados de uma margem de lucro de até 2.310%, segundo
o estudo. Porém, as entidades argumentam contar com respaldo de comunicado da
Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Presidência da
República, de maio de 2009, e resolução da Agência Nacional de Saúde
Suplementar, de dezembro de 2010, para a prática dos valores.
— São tabelas contratadas com o próprio IPE e que tinham
margens desproporcionais em alguns itens. Mas é o que equilibrava os contratos que tínhamos,
especialmente pelas defasagens em diárias e taxas. Por exemplo,
uma diária de R$ 368 de um quarto privativo, pago pelo IPE, mas que custava
para os hospitais R$ 940. A margem final (para o hospital)
era de 11,8% — afirma o diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre,
Julio Dornelles de Matos.
Hospitais que suspenderão atendimentos
eletivos pelo IPE Saúde:
Hospital Divina (Porto Alegre)
Hospital Ernesto Dornelles (Porto Alegre)
Hospital Mãe de Deus (Porto Alegre)
Hospital São Lucas da PUCRS (Porto Alegre)
Santa Casa de Porto Alegre
Hospital Tacchini (Bento Gonçalves)
Hospital de Caridade de Cachoeira do Sul
Hospital Santa Lúcia (Cruz Alta)
Hospital de Caridade de Erechim
Hospital Dom João Becker (Gravataí)
Hospital de Clínicas de Ijuí
Hospital Bruno Born (Lajeado)
Hospital de Clínicas de Passo Fundo
Hospital São Vicente de Paulo (Passo Fundo)
Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo (Santa Maria)
Hospital Vida e Saúde (Santa Rosa)
Hospital Ivan Goulart (São Borja)
Hospital Sapiranga
Confira nota do IPE Saúde
"O Instituto de Assistência
à Saúde dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (IPE Saúde) foi
notificado, na tarde desta segunda-feira (29/4), que 18 hospitais credenciados
ameaçam suspender os atendimentos eletivos a partir de 6 de maio de 2024.
A medida, que pode acarretar a
desassistência aos beneficiários do IPE Saúde, é contrária à transparência e ao
diálogo que sempre pautaram a relação entre as instituições.
Em face da iminência de
desassistência num prazo que se contrapõe a qualquer previsão legal ou
contratual, impedindo que o IPE Saúde possa realocar esses segurados em sua
rede credenciada, o Instituto solicitou que os hospitais informem oficialmente,
em 72 horas, o propósito de realmente recusar atendimento aos usuários do
Sistema IPE Saúde.
A atual gestão sempre esteve
pronta a negociar, desde que em bases sólidas, legais e dentro dos limites
orçamentários impostos a qualquer ente da administração indireta. Acrescenta
que mantém as portas abertas para seguir dialogando e garantir o bom
atendimento aos seus beneficiários.
O IPE Saúde buscará alternativas que mitiguem o impacto de uma possível desassistência e manterá os usuários informados das opções para não terem o atendimento prejudicado."