O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em
entrevista nesta quinta-feira (28) que o objetivo das mudanças na tabela do
Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) não tem a intenção de fazer caixa para
o governo, e nem de aumentar os gastos públicos.
Segundo Haddad, assim como a reforma tributária, as
mudanças seguem um princípio de neutralidade tributária. Na prática, a
ideia é que haja "impacto zero" no caixa do governo.
"Não queremos confundir o debate da reforma tributária
com a questão de medidas que visam reforçar o arcabouço fiscal. A reforma
tributária, tanto do consumo quanto da renda, tem um pressuposto que foi
anunciado no começo do governo e vai ser mantido se depender do Executivo [...]
O pressuposto da neutralidade fiscal. Que significa isso? A reforma tributária
não visa nem aumentar, nem diminuir arrecadação. O objetivo da reforma
tributária é buscar eficiência e justiça tributária, essa é a finalidade",
afirmou Haddad.
"Qualquer aumento da faixa de isenção do Imposto de
Renda, como ja foi feito por esse governo duas vezes, tem que vir acompanhado
de uma compensação. Não se trata de mexer com o nível de arrecadação de
impostos. Trata-se de buscar justiça tributária", completou.
O governo deve enviar ao Congresso Nacional, nos próximos
dias, um projeto de lei que prevê a isenção do Imposto de Renda para quem ganha
até R$ 5 mil mensais.
Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824 (até dois
salários mínimos). A mudança, se aprovada pelo Congresso até o ano que vem, só
entra em vigor em 2026.
"O Congresso vai ter o seu tempo agora, sobretudo a
partir do semestre que vem, para analisar a proposta do Executivo. Para que
tanto a reforma do consumo quanto a reforma do Imposto de Renda entrem em vigor
a partir de 1º de janeiro de 2026", explicou Haddad.
A elevação do teto de isenção do Imposto de Renda para quem
ganha até R$ 5 mil mensais era uma promessa de campanha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Ainda assim, o anúncio junto ao pacote de corte de
gastos incomodou a cúpula da Câmara e agitou o mercado – o que levou
o dólar ao maior valor nominal da história do real.
Como funciona o IR?
O tributo é recolhido na fonte, ou seja, descontado do
salário. Posteriormente, o contribuinte pode ter parte do valor restituído ou
pagar ainda mais imposto – por meio de sua declaração anual de ajuste.
De acordo com a Associação Nacional dos Auditores Fiscais
da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional), a ampliação da faixa de
isenção do IR custaria de R$ 45 bilhões a R$ 50 bilhões por ano.
De acordo com os números da entidade, a ampliação do
limite de isenção do IR deixará isentos da cobrança do imposto 30 milhões de
contribuintes.
Atualmente, cerca de 43 milhões de pessoas físicas declaram
o Imposto de Renda. Entretanto, destas, 14,6 milhões já são isentos. Com a
mudança, outros 16 milhões de contribuintes também não pagarão Imposto de
Renda.