A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no
trimestre terminado em outubro, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (29) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É a menor taxa de desocupação de toda a série histórica da
PNAD Contínua, iniciada em 2012. Antes disso, o percentual mais baixo de
desempregados no país havia sido registrado em dezembro de 2013 (6,3%).
A queda foi de 0,6 ponto percentual (p.p.) em relação ao
trimestre anterior, terminado em julho, quando a taxa era de 6,8%. No
mesmo período do ano passado, a desocupação atingia 7,6% da população em idade
de trabalhar (14 anos ou mais).
Ao todo, 6,8 milhões de pessoas estão sem emprego no
país, o menor contingente desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014. Foi
um recuo de 8% em relação ao trimestre anterior, e de 17,2% na comparação com
2023.
Os números demonstram um cenário aquecido que vem sendo
sustentado trimestre a trimestre, afirma Adriana Beringuy, coordenadora de
pesquisas domiciliares do IBGE, superando o que havia sido considerado o
melhor momento do mercado de trabalho no país, em 2013.
"Depois desse período [2013 e 2014], nós tivemos
momentos bastante desfavoráveis no mercado, como foi o caso de 2015, 2016. Teve
ali um período de recuperação entre 2017 e 2019, mas, em 2020, a pandemia
chegou com impactos bastante ruins no mercado de trabalho. Aí tem um processo
de recuperação pós pandemia, principalmente em 2022", detalha.
Recorde de ocupados
A população ocupada no Brasil chegou a 103,6 milhões,
um novo recorde da série histórica, crescendo em ambas comparações: 1,5% no
trimestre e 3,4% no ano.
Com isso, 58,7% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil
estão empregadas -- também o maior nível de ocupação desde 2012.
Segundo Beringuy, essa alta foi puxada por três dos dez
grupamentos de atividades abordados na PNAD Contínua: indústria,
construção e outros serviços.
"A produção industrial tem como destaque o segmento de
confecções de vestuários, o que pode ter uma relação com a proximidade de fim
de ano, no atendimento da demanda por esses bens", afirma.
"Mas também temos um crescimento bastante favorável,
não apenas neste trimestre agora, na construção e nos serviços prestados às
famílias, serviços pessoais, recreativos, de diversas frentes."
Força de trabalho
O IBGE classifica como desocupadas as pessoas sem trabalho
que estão procurando emprego. A soma desse grupo com o dos empregados totaliza
a população dentro da força de trabalho no Brasil, que ficou em 110,4
milhões no trimestre terminado em outubro.
Assim, estão fora da força de trabalho 66,1 milhões de
brasileiros. São pessoas de 14 anos ou mais desempregadas, mas que não estão em
busca de serviço ou disponíveis para trabalhar.
Diante disso, a PNAD calcula que o Brasil tem 17,8
milhões de pessoas subutilizadas, ou seja, que poderiam estar trabalhando, mas
estão desocupadas, subocupadas (não trabalham todas as horas que poderiam) ou
fora da força de trabalho potencial.
Esse contingente recuou 4,6% em relação ao trimestre
anterior e 10,8% na comparação com o ano passado.
A população desalentada ficou em 3 milhões, a menor desde o
trimestre encerrado em abril de 2016 (2,9 milhões), recuando 5,5% no trimestre
e 11,7% no ano. São pessoas que gostariam de trabalhar e estariam disponíveis,
mas não procuraram emprego por acharem que não encontrariam, por falta de
qualificação, por exemplo.
Veja os destaques da pesquisa
Taxa de desocupação: 6,2%
População desocupada: 6,8
milhões de pessoas
População ocupada: 103,6
milhões
População fora da força de trabalho: 66,1
milhões
População desalentada: 3
milhões
Empregados com carteira assinada: 39
milhões
Empregados sem carteira assinada: 14,4
milhões
Trabalhadores por conta própria: 25,7
milhões
Trabalhadores domésticos: 6
milhões
Trabalhadores informais: 40,3
milhões
Carteira assinada e sem carteira batem recorde
O número de
trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado cresceu 5% em
relação ao ano passado e chegou a 53,4 milhões, um novo recorde da série
iniciada em 2012.
Entre
os empregados com carteira assinada, o número absoluto de
profissionais chegou a 39 milhões, um aumento de 1,2%, ou de 479 mil pessoas,
contra o trimestre anterior. No comparativo com 2023, o ganho é de 3,7%, o que
equivale a 1,4 milhão de trabalhadores a mais.
Já os empregados sem carteira são 14,4 milhões. A alta
para o trimestre foi de 3,7%, com mais 517 mil trabalhadores no grupo. Já, em
relação ao ano passado, houve aumento de 8,4%, ou de 1,1 milhão pessoas.
A taxa de informalidade ficou em 38,9% da população ocupada (ou
40,3 milhões de trabalhadores). No trimestre anterior, o percentual era de
38,7% e, no mesmo período de 2023, de 39,1%.
No setor público, o número de empregados (12,8 milhões) foi
recorde, ficando estável no trimestre e subindo 5,8% (699 mil pessoas) no ano.
Os trabalhadores por conta própria são 25,7 milhões, o
que representa estabilidade nas duas comparações.
Rendimento estável no trimestre
As pessoas
ocupadas receberam cerca de R$ 3.255 por mês no trimestre terminado em outubro,
por todos os trabalhos que tinham na semana de referência da pesquisa. É o que
o IBGE chama de rendimento médio habitual.
O valor ficou estável frente ao trimestre anterior, quando
era de R$ 3.230. No comparativo do ano, houve aumento de 3,9%.
Já a massa
de rendimentos, que soma os valores recebidos por todos esses trabalhadores,
foi estimada em R$ 332,6 bilhões, um crescimento de 2,4% na comparação
trimestral e de 7,7%, na anual.