Começamos duas edições atrás uma aventura procurando a inexistente rua Carlos María de Alvear, aqui em Santo Ângelo e nos esbaldamos em uma rica e proscrita história de nossa cidade, que daremos sequência aqui.
O estimado leitor, já acompanhou as origens e fatalidades da família de Alvear, bem como parte de sua vida militar e conspirações maçônicas nas edições anteriores.
Alvear, nasceu em Santo Ângelo em 1789, foi batizado como: Carlos Antonio o Guardião de Santo Ângelo, em homenagem ao local de nascimento. Iniciou seus estudos em Porto Alegre e em 1804, tentou regressar com os pais, oito irmãos e toda a fortuna que a família conquistara, para a Espanha, porém um naufrágio lhes tirou a fortuna, a mãe e todos os irmãos, além de custar um ano de reclusão na Inglaterra. Após, vai para a Espanha, torna-se militar enfrenta as tropas de Napoleão e funda a Loja Lautaro, que tornar-se-ia o ponto de encontro secreto de revolucionários separatistas hispano-americanos e desencadearia a história da independência de vários países.
Em 1812, deixou a Espanha com destino a Buenos Aires, onde através do estabelecimento da Loja Lautaro, tentava corrigir a orientação política do governo. O objetivo dele e dos demais participantes obter a Independência da América Hispânica da coroa dos reis da Espanha e ditar uma constituição baseada no liberalismo que estabeleceria um estado republicano e unitário.
Aspirando ao poder político e apoiado no centralismo que existia no antigo vice-reinado, conseguiu criar o cargo de Diretor Supremo das Províncias Unidas do Río de la Plata, para o qual elegeu seu tio Antonio de Posadas (primo de sua mãe), que logo em seguida renunciou ao cargo e Carlos de Alvear foi escolhido como novo Diretor Supremo para cumprir o restante do mandato.
Em nome da verdade, precisamos citar que Alvear, como novo diretor, então com 25 anos, fez um governo breve mas descrito por muitos como uma verdadeira ditadura. Alvear governava cercado por sua própria facção, sustentado apenas pela loja secreta a que pertencia e pelos habilidosos oficiais do exército. Ele organizou uma quadrilha de espionagem e prendeu seus oponentes sem julgamento e implementou severa censura à imprensa. E tal como sempre ocorre com a classe política, procurou rodear-se de uma pompa e cerimonial que lhe rendeu a censura da opinião pública. Enquanto isso, a oposição crescia no interior e na capital e manifestações de oposição e rebeliões eclodiram em todo o território.
Os ditames políticos fizeram no exilar-se da Argentina por 7 anos, sendo o Rio de Janeiro e Montevidéu seus exílios. Após o retorno, tornou-se diplomata e Primeiro-ministro argentino plenipotenciário, sendo responsável por missões diplomáticas na Inglaterra, Estados Unidos e Bolívia.
Alvear, ainda participou da Guerra da Cisplatina contra o Brasil, sendo o comandante na batalha de Ituzaingó, considerada a mais brilhante vitória de sua carreira. A paz foi celebrada mais de um ano após a batalha, com a Convenção Preliminar de Paz e a desanexação da Província Cisplatina e a consequente independência do Uruguai.
O estimado leitor, que nos acompanha no decorrer das 3 edições que esta história já teve, e que começava a defender o reconhecimento de Carlos María de Alvear em renomeação de alguma das principais avenidas da nossa cidade, ficou com o pé um pouco atrás, imagino eu, após está edição. Porém, chamo-te atenção leitor, que os atos que aqui julgamos ruins deste cidadão santo-angelense não são em nada diferente dos que hoje nomeiam nossas principais ruas e avenidas, a saber políticos como Getúlio Vargas, Marechal Floriano e Duque de Caxias.
Para nutrir-te ainda da defesa deste conterrâneo, acompanhe na próxima edição, a saga política que com ele iniciou.
Especial: Descobrindo Santo Ângelo