Publicado em 10/12/2024 às 16:14

Adjetivos superlativos relativos

Adjetivos são palavras que dão qualidades aos substantivos como, por exemplo, grande em cidade grande, inteligente em aluno inteligente, vermelha em rosa vermelha, corrupto em político corrupto. Superlativo exprime o pensamento de super, de grau sumo. E relativo quando alguém ou alguma coisa se põe em relação com outro alguém (João é o mais inteligente dos colegas da turma) ou com outra coisa congênere (esta torta foi a melhor de todas as tortas que houve no festival das tortas).

O superlativo analítico quase sempre se processa analiticamente, com uso de duas palavras, mediante anteposição de artigo definido ao comparativo do adjetivo (o mais inteligente, o mais esperto, a melhor) e se faz seguir o adjetivo pela preposição de. Um exemplo: Cícero foi o mais eloquente dos oradores. Observa-se na frase a presença do artigo definido o e da preposição dos. A preposição dos é variante em gênero e número da preposição de. A preposição de pode variar em gênero masculino e feminino e em número singular e plural: do, da, dos, das. Rui Barbosa foi o mais famoso orador de todos os brasileiros. Leonel Brizola foi o mais inflamado orador dos gaúchos e das gaúchas nos primeiros anos da década de 1960.

Observam-se em muitos que falam e escrevem, também em alguns escritores e poetas, construções de adjetivos superlativos relativos à moda latina, cujas construções são aceitas como gramaticais. Dois exemplos: Foi Cícero o eloquentíssimo dos oradores. É a rosa a pulpérrima dentre as flores. Eloquentíssimo e pulpérrima, mesmo possuindo tintas de superlativos absolutos sintéticos, valem como adjetivos superlativos relativos.

A significação já em si absoluta de certos adjetivos qualificativos impede, em tese e em gramática, modificações em grau: eterno, infinito, intenso, onipotente, quadrado, redondo, mortal, imortal, infalível, primeiro... Há escritores e poetas que fazem desses adjetivos e de outros afins serem como que mais absolutos do que em natural são: eterníssimo, infinitíssimo, intensíssimo, onipotentíssimo, quadradíssimo, redondíssimo, mortalíssimo, imortalíssimo, infalivelíssimo, primeiríssimo... Alguns desses nem têm sublinha vermelha no computador – já viraram uso comum e nível culto: intensíssimo, primeiríssimo.   

Em latim, usava-se em muitas formações de palavras a preposição prae para formar os superlativos analíticos, tanto em nomes (praeclarus, preclaro) quanto em verbos (praeferir, preferir). Eis a razão pela qual o verbo preferir, por já encerrar ideia de querer mais com o pre, não admite o mais depois do verbo. Errado: Prefiro mais ler que ouvir. Certo: Prefiro ler a ouvir. Certo: Prefiro o estudo ao programa A Casa é Nossa. E na linguagem familiar o diminutivo traz sentido intensivo: juntinho (muito junto). Etc.



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