O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
assinou ontem (27) o decreto que define o novo valor do salário mínimo. A
informação foi divulgada pelo Palácio do Planalto.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República não
divulgou o documento, mas informou que o valor subirá dos R$ 1.412 atuais
para R$ 1.518 – uma alta de 7,5% (R$ 106). O decreto será publicado nesta
terça-feira (31) no "Diário Oficial da União".
O novo valor começa a valer em 1º de janeiro. Ou seja:
impacta os salários recebidos pelos trabalhadores no começo de fevereiro.
O reajuste leva em conta a inflação de 2024 e o
crescimento da economia brasileira, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB).
Nova fórmula: R$ 10 a menos
Na sexta-feira (27), Lula sancionou a lei que
alterou a fórmula de reajuste – e estabeleceu um teto de 2,5% para o aumento
real do mínimo (ou seja, além da inflação).
A medida tem como objetivo adequar o crescimento do piso
salarial do país aos limites definidos pelo novo arcabouço fiscal. O teto
vale entre 2025 e 2030.
Para 2025, essa regra reduziu o reajuste do mínimo em
cerca de R$ 10, segundo membros do governo ouvidos pelo g1.
Se fosse mantido o critério anterior, sem o teto de 2,5%, o
salário mínimo subiria para R$ 1.528 (considerando o INPC de 4,84% e os 3,2%
referentes à variação do PIB de dois anos antes).
Até esta sexta, a política de valorização do mínimo levava
em conta a soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) em 12 meses até novembro, com o índice de crescimento real do Produto
Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Não havia piso ou teto de
reajuste.
A regra de gastos do governo permite que as despesas
cresçam, acima da inflação, entre 0,6% e 2,5%. O reajuste real do salário
mínimo vai seguir a mesma regra: não poderá ser inferior a 0,6% nem superior a
2,5%.
O novo teto de crescimento do piso salarial faz parte
do pacote de medidas apresentado pelo Ministério da Fazenda para
equilibrar as contas públicas.
O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional às
vésperas do recesso de deputados e senadores, em dezembro.
Segundo projeção do Ministério da Fazenda, o teto de
crescimento do salário mínimo deve levar a uma economia de até R$ 15,3
bilhões nos próximos anos.
A redução nos gastos é esperada porque uma série de
benefícios sociais e previdenciários são vinculados ao salário mínimo — ou
seja, são reajustados com base no piso definido anualmente.
De acordo com cálculos do governo, cada R$ 1 de
aumento do salário mínimo cria uma despesa de aproximadamente R$ 392 milhões.
Como funciona o salário mínimo?
Como o nome já indica, o salário mínimo é a menor
remuneração que um trabalhador formal pode receber no país.
A Constituição diz que trabalhadores urbanos e rurais têm
direito a um:
"Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim".
Ou seja: pela Constituição, o salário mínimo tem que ser
reajustado ao menos pela inflação, para garantir a manutenção do chamado
"poder de compra".
Se a inflação é de 10%, o salário tem de subir pelo menos
10% para garantir que seja possível comprar, na média, os mesmos produtos.
De acordo com informações divulgadas em maio pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese),
o salário mínimo serve de referência para 54 milhões de pessoas no Brasil
– um em cada quatro brasileiros.
O Dieese calcula ainda que 22,7 milhões de pessoas são
diretamente atingidas no bolso pelo patamar do salário mínimo.
Além dos trabalhadores que, por contrato, recebem um
salário mínimo (ou múltiplos do mínimo), há também as aposentadorias e
benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) vinculados ao mesmo
valor.
O salário mínimo também gera impactos indiretos na economia, como o aumento do "salário médio" dos brasileiros e a elevação do poder de compra do trabalhador.