O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) expediu, ontem,
30 de dezembro, uma recomendação para que o prefeito eleito do município de
Catuípe, Paulo Roberto Dalla Corte, deixe de realizar o evento de queima de
fogos de artifício por ele anunciado nas redes sociais, seja no trevo do Cristo
Peregrino, seja em qualquer outro local da cidade, sob pena de
responsabilização civil, administrativa e criminal.
Recomenda, ainda, que o Município de Catuípe se abstenha de
conceder licença para a realização deste ou de qualquer evento semelhante
dentro do seu território, também sob pena de responsabilização legal.
No vídeo que circula nas redes sociais, o prefeito eleito
convida toda a comunidade a comparecer às margens da rodovia RS-342, mais
precisamente junto à estátua do Cristo Peregrino, no trevo da RS-342 com a
RS-218, na noite desta terça-feira, 31 de dezembro, para acompanhar um
espetáculo público de queima de fogos de artifícios.
Conforme o promotor de Justiça Nilton Kasctin dos Santos, a
legislação existente (leis, decretos e atos administrativos), tanto municipal
quanto estadual, que impõe licenças e limitações à queima de fogos de
artifícios, é aplicada na zona urbana e na área rural.
Além disso, o evento causaria riscos à segurança de
pedestres e motoristas, especialmente à noite, já que no local existe um
entroncamento rodoviário com reduzida visibilidade e a Polícia Rodoviária com
atribuição no local fica em Cruz Alta, a quase 100km de distância do local do
evento e, além de possuir recursos humanos reduzidos, sabidamente se encontra
envolvida com a tradicional operação de final de ano, estando, portanto,
impossibilitada de controlar o trânsito no local, que é faixa de domínio do Departamento
Autônomo de Estradas de Rodagem do Estado do RS (DAER).
“Como o convite parte do prefeito eleito, pessoa com
notória influência na comunidade de Catuípe, se conclui que um grande número de
pedestres possam ir ao local (que fica próximo à cidade), utilizando a pista de
rolamento, sem acostamento adequado e com reduzida visibilidade à noite. Também
no vídeo o prefeito conclama que as pessoas tragam "seu espumante", o
que significa um incremento do risco à segurança, já que induz ao consumo de
bebida alcoólica no local”, destaca o promotor.
Nilton Kasctin dos Santos aponta, por fim, que o local é
muito próximo ao perímetro urbano e o barulho dos fogos será ouvido em todos os
bairros da Cidade, causando perturbação generalizada ao sossego público,
especialmente aqueles dotados de hipersensibilidade, como os autistas.
“No local, há vários cães abandonados, que são
cotidianamente alimentados por pessoas voluntárias preocupadas com a vida de
seres indefesos, que, com enorme dedicação e sacrifício, cuidam do sustento
mínimo dos animais até que consigam colocá-los em adoção. Soltar fogos com
estampidos nesse local seria uma tragédia para esses animais, que certamente
fugirão desorientados, correndo risco de serem atropelados na rodovia, o que
caracteriza uma grave violação da ética e das normas ambientais”, completa ele.