1897, Futura Colônia de Burity
Em um dos poucos pedaços de campo, ele observava sua aquisição. Uma propriedade tomada pelo mato e quem sabe nunca antes habitada. Seria ali o lugar onde um nobre que abandonara a Dinamarca, daria início a uma sociedade sem o que ele definia como vícios que impregnam a Europa e permeada pelos ideais republicanos. Faria ele desta comunidade, sua República.
Frode Uffo Johanssen, engenheiro agrimensor, dono de um título nobiliárquico dinamarquês, passou a desenhar um novo sonho, o qual via que se constituiria longe da Dinamarca. Conseguiu aos seus 31 anos, e na esperança de maiores conquistas, convencer seus irmãos Byarke, que era contador e Axel, farmacêutico com especialização na Alemanha a partirem com ele para a América do Sul. Para Frode a nobreza estava muito mais em ser do que ter, fator que foi determinante para ir em busca de seu sonho.
O destino, a região Sul do Brasil, onde pretendia adquirir uma grande extensão de terras e fundar uma nova sociedade, com princípios que julgava incapaz de prosperar em sua velha Europa ou que sentia a necessidade de disseminar.
Após chegar à província sulina, manteve forte vínculo nas colônias alemãs, e identificou como local mais propicio para seu intento, a aquisição de suas primeiras glebas de terras na região que outrora havia sido edificada sob a cruz de Lorena (Cruz de Caravaca), pelos padres jesuítas, as Missões. Tal como estes padres antes dele, veio aqui não só com o objetivo de edificar uma comunidade, mas sim, uma comunidade espiritualizada.
Conforme nos conta a escritora Marta Weissmantel, consta no cartório de Registros de Imóveis de Santo Ângelo, que em 1987, Frode Johansen adquiriu suas primeiras glebas de terras.
Frode dedicou-se na construção do seu sonho, após adquirir a colônia, deu-lhe um nome indígena em homenagem aos antepassados que ele imaginava terem sobrevivido naquelas propriedades, porém a escolha do nome, assim como todos os seus atos, foi marcada pela presença de grande simbolismo, e chamou a nova colônia de Burity, que em língua indígena, significava: “árvore da vida”.
Esta rica história que envolve o principal distrito do município de Santo Ângelo, seguirá na próxima edição, acompanhe-nos.
Especial: Descobrindo Santo Ângelo