Publicado em 04/03/2023 às 16:00

A Lagoa da Mortandade secou

Nossa região é rica historicamente. E um destes locais, é a conhecida como Lagoa da Mortandade, localizada no distrito do Carajazinho em Eugênio de Castro. 

O local foi palco de uma batalha em 1923, entre chimangos e maragatos, durante aRevolução Federalista, que foi uma guerra civil que envolveu toda Região Sul do Brasil.

Na época do presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros (Antônio “Chimango”), seuministro da guerra o Marechal Setembrino, marcou um encontro em Santo Ângelo, com Honório Lemos (o Leão do Caverá) para tratar do início de um acordo de paz e pôr fim a revolta. 

Porém, o General Flores da Cunha, opositor, dizia:  “Para os inimigos não se dá quartel”, negando assim o acordo.No entanto, ambas as tropas já rumavam a Santo Ângelo, e meio ao acaso, ambas se encontram, próximo a Lagoa do Chaine (a família Chaine tinha um bolicho perto, com parador e hospedaria e dava nome à localidade) que por este fatídico encontro, passou a ser chamada de a “Lagoa da Mortandade”. 

No que dizem ter sido uma peleia de muitos, uns contra outros, conhecida como a batalha de Carajazinho, homens divididos entre Maragatos e Chimangos, se digladiavam por questões políticas. 

Contam que a batalha deixou as águas turvas da lagoa, rubro-negras pelo sangue derramado, isto após o tilintar de adagas que ceifaram muitas vidas.

Nesta lagoa, não há nascente e suas águas não correm, sendo mantida pelas águas da chuva, onde o guardado segue velado. A batalha resultou em um grande número de almas tombadas, que tiveram como túmulo a Lagoa. 

Os corpos foram empurrados para dentro da lagoa pelo filho de uma escrava, que por medo depositou também todo o material bélico que por ali sobrara, conta-se que o guri encheu uma carroça com mosquetões, lanças, fuzis, espadas, e por medo ou proteção da família depositou o material e equipamentos dentro da lagoa.

Aos poucos, fatos históricos se somaram para descrever o ocorrido. Na noite que antecedeu o combate o General Flores da Cunha montou acampamento junto à casa do Sr. Orlando Gomes de Oliveira, morador de Eugênio de Castro. Ele que cederia a carreta na qual foram transportadas as armas e mortos para as águas da lagoa Chaine.

Contam os moradores das proximidades, que depois disto, quem nadasse na lagoa, não voltava e bois que ali iam beber água eram para dentro puxados e afogados. 

Outros ainda, falam que, ao se apagar o braseiro do sol, quando as estrelas se refletem na lagoa, os vigias saltam das águas e se ouve toque dos clarins, brados, grunhidos, gritos, berros, estilhaços de balaços, gemidos e urros de dor, parecendo que os desencarnados sigam em eterna peleia. 

No entanto, desde que se conhecem registros desta lagoa, nunca ninguém a viu secar, e agora, exatos 100 anos do fatídico ocorrido, a mesma veio a secar completamente pela estiagem que assola a região.

Não se sabe, se assim encerrando a maldição ou a libertando da lagoa. 



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