Publicado em 22/09/2023 às 16:22

Punição aos golpistas

O Brasil não julgouosmilitares que comandaram o período ditatorial. Estabeleceu-se um consenso político que pareceu proteger o país contra os devaneios golpistas.Todavia, os fantasmas não demoraram para arrastar coturnos nas penumbras palacianas.

                É verdade que a gente, erroneamente, não deumuitabola ao bufão que homenageava torturadores, com aquela oratória repleta de frases confusas e agressivas, o sujeito não daria conta de construir um plano para subverter a democracia.

                O galhofeiro capitão,porém, tornou-se ummonstrengo, e não pelo fato de lambuzar-se com farofa em performances de estética quentin-tarantinesca, mas, sim, pelo vilipêndio aos valores democráticos.

                Crer na figura quimérica do asinino alado não é algo difícil. Para Freud, “as massas nunca tiveram sede de verdade. Requerem ilusões, às quais não podem renunciar. Nelas o irreal tem primazia sobre o real, o que não é verdadeiro as influencia quase tão fortemente quanto o verdadeiro”.

                O pequeno monarca,depois da derrota nas urnas, embarcou para a terra do rato orelhudo, talvez em busca de um fictício reino para esconderou vender as joias – reais –pertencentes à República reputada por ele como das Bananas.

                O capítulo seguinte da incivilidade veio à tona pelas mãos dos golpistas no 8 de janeiro. As instituições democráticas resistiram, a lei restou aplicada e alguns já foram condenados.

                Não muito distante da baderna, enfeitiçado pelo fulgor dos diamantes,outrorafiel às desventuras dorei louco, o condecorado coronel Cid celebrou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal.

                As declarações prestadas pelo principalassessor de Bolsonaro seguem sob sigilo, a apuração, em andamento. Os boatos revelam que o ex-presidente se reuniucom os comandantes das Forças Armadas para deliberar acercada ruptura do regime democrático.

                O episódio é gravíssimo:a conduta dos militares, inclusive na sua forma omissiva, deve ser apurada com rigor, se outrora escaparam pela Lei da Anistia, agora, acaso culpados, devem ser punidos e moralmente banidos da vida pública.

                Golpe de Estado, ditadura, intervenção militar, supressão de direitos e prisões políticas são instrumentos de uma guerra que se declara ao próprio povo, e nenhuma instituição, civil ou militar, possui tal prerrogativa constitucional.

 



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