Vladimir Putin venceu a
eleição russa e se manterá no poder até 2030. A informação foi confirmada
pela TV estatal Russia-24.
De acordo com a
Comissão Eleitoral Central da Rússia, Putin teve cerca
de 87% dos votos, com cerca de 60% dos distritos eleitorais apurados até por
volta das 18h15 deste domingo (17). Este cenário já havia sido indicado por
resultados de pesquisas de boca de urna divulgados logo após o encerramento da
votação.
O favoritismo de
Putin foi confirmado após três dias da votação que começou na sexta-feira (15)
e terminou neste domingo por volta das 15h (horário de Brasília). Mais de 8
milhões de pessoas votaram online, segundo o órgão.
O
atual presidente não tinha outros concorrentes com real chance de vitória. Isso
porque os outros três candidatos, todos deputados, são considerados fantoches — eles votaram a favor da guerra na Ucrânia no Parlamento e já
fizeram declarações públicas de apoio a Putin.
Maior país do mundo em área territorial e com uma
população de 141 milhões de habitantes, a Rússia adotou a votação em três dias
para dar conta de regiões com 11 fusos horários diferentes. São cerca de 114
milhões de eleitores, incluindo ucranianos convocados a votar nos territórios
ocupados por tropas russas
A eleição surge
no contexto de uma repressão implacável que sufocou os meios de comunicação
independentes e grupos de direitos humanos proeminentes. O mais feroz inimigo
de Putin, Alexei Navalny, líder da oposição ao presidente russo, morreu em uma prisão no Ártico
em fevereiro, e outros críticos estão na prisão ou no exílio.
Navalny foi homenageado neste terceiro dia de votação. Na capital russa, pessoas visitaram
o túmulo do líder opositor morto e, sobre ele, colocaram um modelo da ficha de
voto em que se lê o nome dele.
Pelo menos meia
dúzia de casos de vandalismo em locais de votação foram relatados na sexta (15)
e no sábado (16), incluindo um bombardeio incendiário e pessoas derramando um
líquido verde nas urnas. Em 2017, Navalny foi atacado por um agressor que lhe
salpicou desinfetante verde na cara.
Yulia Navalnaya,
a viúva de Alexei Navalny, participou de um protesto contra Putin neste domingo
e votou na embaixada russa em Berlim.
Segundo a BBC, Navalnaya disse aos repórteres ter colocado o nome de Navalny na cédula de votação. Além dos protestos, Putin também enfrentou avanços ucranianos sobre a Rússia. Durante os três dias de votação, a Ucrânia intensificou os bombardeios contra a Rússia e promoveu incursões em território russo.
Neste domingo, a
Ucrânia lançou um ataque com drones contra Moscou. Foram 36 drones de longo
alcance direcionados a oito regiões russas. Quatro deles foram tinham como alvo
a capital russa.
Putin está no
poder há 24 anos e é o presidente
mais longevo da Rússia desde Josef Stalin, da época da União Soviética.
Caso eleito, o que a imprensa internacional dá como certo, o atual presidente
terá a chance de ultrapassar os quase 30 anos de Stalin no comando. Em 2020,
Putin mudou a Constituição para poder ficar no cargo
até 2036.
O
peso desse longo mandato e a supressão completa das vozes eficazes da oposição
interna dão a Putin uma mão muito forte – e talvez irrestrita.
A maior parte dos políticos de
oposição foi presa, e alguns deles morreram em circunstâncias obscuras, como
Alexei Navalny e Boris Nemtsov. Outros, como Garry
Kasparov, foram classificados como terroristas
e deixaram o país.
Na prática, Putin não permite que opositores reais disputem eleições contra ele -- foi o que aconteceu
neste ano. Veículos de
imprensa também foram banidos —inclusive o “Novaya Gazeta”, cujo
fundador venceu um Nobel da Paz por causa do jornal.
A Promotoria do
país avisou ainda que qualquer manifestação durante o período de votação é
ilegal e está sujeita a punição. Na manhã da sexta, primeiro dia de votação, pouco
depois da abertura das urnas, uma mulher foi presa após jogar tinta contra uma urna em um dos
locais de votação em Moscou.
Ainda assim, a esposa de Alexei Navalny, Yulia Navalny, convocou um grande ato de protesto na capital russa no domingo.