A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a
julgar nesta segunda-feira (2) se mantém ou não a decisão do
ministro Alexandre de Moraes que suspendeu o funcionamento do X
no Brasil.
A análise é feita no plenário virtual e os ministros têm 24 horas para
inserirem seus votos no sistema eletrônico da Corte, isto é, até as 23h59 desta
segunda.
A tendência é de que a maioria do colegiado confirme o bloqueio. Além de
Moraes, que referendou sua decisão em plenário virtual logo no início da
madrugada, também votou a favor da suspensão o ministro Flávio Dino.
Faltam votar Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano
Zanin e Flávio Dino.
Voto de Moraes
Em seu voto, o minsitro Alexandre de Moraes confirmou os termos da
decisão individual e propôs o referendo da suspensão do X e da multa de R$ 50 mil para pessoas e
empresas que utilizarem “subterfúgios tecnológicos” para manter o uso do X,
como o uso de VPN. A multa foi
questionada pela OAB.
"Diante de todo o exposto, voto no sentido de referendar a decisão
no tocante à suspensão imediata, completa e integral do funcionamento do X
Brasil Internet LTDA em território nacional, até que todas as ordens judiciais
proferidas nos presentes autos sejam cumpridas, as multas devidamente pagas e
seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em
território nacional. No caso de pessoa jurídica, deve ser indicado também o seu
responsável administrativo", diz um trecho do voto de Moraes.
Sobre as multas, o ministro vota para que sejam destinadas "às
pessoas naturais e jurídicas que incorrerem em condutas para fraudar a decisão
judicial, com a utilização de subterfúgios tecnológicos (como por exemplo o
VPN, entre outros) para a continuidade de utilização e comunicações pelo 'X',
enquanto durar a suspensão, sem prejuízo das demais sanções civis e criminais,
na forma da lei".
Dino acoampanha voto de Moraes
No início da manhã, o ministro Flávio Dino votou e acompanhou a decisão
de Moraes. Em seu voto, Dino disse que "o poder econômico e o tamanho da
conta bancária não fazem nascer uma esdrúxula imunidade de jurisdição".
"A liberdade de expressão é um direito fundamental que está
umbilicalmente ligado ao dever de responsabilidade. O primeiro não vive sem o
segundo, e vice-versa, em recíproca limitação aos contornos de um e de
outro", continua Dino.
O ministro falou ainda que ao descumprir a decisão do Poder Judiciário,
a empresa "parece considerar-se acima do império da lei".
"Esta seletividade arbitrária amplia a reprovabilidade da conduta
empresarial, pois a afasta da esfera do empreendedorismo e a coloca no plano da
pura politicagem e demagogia. Diante de tudo isso, é poder-dever do juiz atuar
para garantir a incontrastável força do sistema legal" diz em outro
trecho.
"Voto para referendar a decisão, como proposto pelo relator, sem
prejuízo de futuro e imediato reexame à vista da eventual correção da conduta
ilegal da empresa em foco", conclui o ministro
Suspensão do X
A restrição do funcionamento do X no Brasil vale até que a plataforma
pague as multas determinadas por descumprimento de ordem judicial e indique
representante legal no país.
Desde abril, o bilionário Elon Musk,
dono do X, tem descumprido várias ordens do ministro Alexandre de Moraes de
bloquear contas de investigados pelo STF, acusados de afrontar a democracia e a
legislação brasileira.
Musk também não pagou as multas, que somam, até agora, R$ 18,35
milhões por descumprir ordens judiciais.
O dono do X postou imagens com sátiras ao ministro no próprio X e acabou
incluído como investigado no inquérito das milícias digitais, do qual
Moraes é relator.
A suspensão do X foi determinada até a rede cumprir ordens judiciais,
pagar multas e indicar um representante no país.
O X fechou o escritório no Brasil no dia 17 de agosto, alegando que
Moraes ameaçou prender a então representante legal da empresa no país.
'Liberdade de expressão'
Na decisão da última sexta-feira (30), o ministro disse que, quando
intimada, a referida plataforma incorreu em desobediência judicial e
resolveu, criminosamente, divulgar mensagem incitando o ódio contra a Suprema
Corte.
Moraes afirmou ainda que Elon Musk confunde liberdade de expressão com
uma inexistente liberdade de agressão, confunde deliberadamente censura com
proibição constitucional ao discurso de ódio e de incitação a atos
antidemocráticos.
O ministro disse ainda que "a instrumentalização criminosa de diversas redes sociais, em especial a rede X, também vem sendo investigada em outros países”. E citou um trecho do parecer do Procurador-geral Paulo Gonet, que concordou com a decisão de suspender o X.