Em meio aos desafios climáticos que se apresentam a cada
nova safra, arroz e feijão devem apresentar novo crescimento no volume a ser
colhido no ciclo 2024/2025. A alta é influenciada pela ligeira recuperação na
área plantada dos dois principais produtos de consumo dos brasileiros, como
mostra a 12ª edição das Perspectivas para a Agropecuária.
A publicação, divulgada na última terça-feira (17) pela
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Banco do Brasil
(BB), aponta ainda que a produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial
para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série
histórica.
De acordo com a análise da Conab, a projeção é de um
incremento na área destinada ao arroz na temporada 2024/2025 mais intenso do
que o identificado na safra 2023/2024. Os preços e a rentabilidade da cultura
encontram-se em um dos melhores patamares históricos para o produtor.
Com isso, a perspectiva é de uma alta expressiva de 11,1%
na área destinada para o grão, e uma produção que deve ficar em torno de 12,1
milhões de toneladas, recuperando o volume obtido na safra 2017/2018. Para a
safra de 2024/2025, a perspectiva de maior disponibilidade interna do grão, aliada
à demanda aquecida do mercado internacional pelo arroz brasileiro, e a projeção
de arrefecimento dos preços internos, abre espaço para um possível aumento das
exportações do produto, que podem chegar a 2,0 milhões de toneladas.
Dupla do arroz no prato dos brasileiros, o feijão também tende a apresentar aumento na área no próximo ciclo. Projeta-se um incremento de 1,2% em relação a 2023/2024. Como a produtividade das lavouras tende a apresentar ligeira queda, a colheita da leguminosa deverá se manter dentro de uma estabilidade próxima a 3,28 milhões de toneladas, a maior desde 2016/2017. Com isso, a produção segue ajustada à demanda e deverá continuar proporcionando boa rentabilidade ao produtor.
Cenário
positivo
A Conab também prevê um novo aumento para a área
destinada à cultura do algodão, podendo chegar a 2 milhões de hectares,
elevação de 3,2% em relação à safra 2023/2024. Na região do Matopiba, que
engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é onde se espera o maior
crescimento em termos proporcionais.
Os produtores têm investido na fibra, uma vez que o
produto apresenta boa rentabilidade em relação a outros grãos, grande
facilidade de comercialização antecipada e excelente competitividade em termos
de preço e de qualidade da pluma brasileira no mercado internacional. Esses
fatores influenciam na expectativa de produção da temporada 2024/2025, quando
se espera uma colheita de 3,68 milhões de toneladas apenas da pluma.
Cenário positivo também é previsto para a produção de
soja. Mesmo com a pressão baixista nos preços nacionais e os desafios de
rentabilidade, a oleaginosa continua a ser uma cultura lucrativa e com alta
liquidez. A crescente demanda global, impulsionada pelo aumento do esmagamento
e pela expansão da produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto
internacionalmente, alimenta expectativas de crescimento nas exportações e no
esmagamento interno.
Esse panorama
influencia na projeção de aumento da área plantada, podendo chegar a 47,4
milhões de hectares. A produtividade tende a apresentar recuperação, após
problemas climáticos nos principais estados produtores brasileiros. A
combinação de maior área e melhor desempenho nas lavouras resulta na projeção
de uma colheita em torno de 166,28 milhões de toneladas, 12,82% superior à
safra 2023/2024.
Já para o milho, o cenário é de manutenção da área a ser
cultivada. Apesar disso, a produtividade deve apresentar recuperação, o que
contribui para uma expectativa de alta na produção, estimada em 119,8 milhões
de toneladas.
Mesmo com o crescimento na safra do cereal, as
exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025,
queda de 5,6%, se comparada com as vendas da safra 2023/2024. No mercado
interno, a demanda pelo grão deverá se manter aquecida, uma vez que o bom
desempenho do mercado exportador de proteína animal deverá sustentar o consumo
por milho, especialmente para composição de ração animal.
Além disso, é esperado um aumento da procura do grão para produção de etanol, sendo estimado um crescimento de 17,3% para a produção do combustível produzido a partir do milho.
Artigo
Banco do Brasil
Pela primeira vez, a Perspectivas para a Agropecuária é
realizada em parceria com o Banco do Brasil. Trata-se da materialização do
início de parceria inédita firmada entre a Companhia e o Banco, por meio de
Acordo de Cooperação Técnica, que abrangerá atividades de pesquisa, de
desenvolvimento, de treinamento, de intercâmbio de tecnologias e de
metodologias, de produção de informações agropecuárias e de ações promocionais
conjuntas em feiras e eventos estratégicos para as instituições.
No trabalho, a instituição financeira abordou a
importância do crédito rural como fomentador de uma agricultura que visa ao
desenvolvimento dos negócios por meio de ações ambientais, sociais e de
governança; de forma que haja adequação dos processos produtivos ao
comportamento climático atual, diversificação da matriz energética,
rastreabilidade, certificado de origem da produção, práticas conservacionistas,
certificação, crédito para a recuperação ambiental, custeio anual ou que
melhorem toda a gestão da atividade rural.
Outras informações sobre o panorama dos principais grãos
cultivados no país estão disponíveis na publicação Perspectivas para a
Agropecuária na Safra 2024/2025. O documento também traz a projeção de produção
e de mercado para carnes bovinas, suínas e aves em 2025.