O governo estadual apresentou nesta quarta-feira (30) o Plano de Desenvolvimento
Econômico, Inclusivo e Sustentável, instrumento concebido para alavancar a
economia do Rio Grande do Sul. A perspectiva do Palácio Piratini é de
duplicar e, em cenário otimista, triplicar a taxa anual de crescimento do PIB
gaúcho nos próximos anos.
Planejado para orientar o
desenvolvimento com projeções que vão até o ano de 2040, o projeto foi estruturado a partir de um estudo da consultoria McKinsey e
definiu 12 grupos de produtos e serviços com potencial de impulsionar a
produtividade. Nesse rol, os mercados
da cadeia agropecuária e da transição energética serão as principais apostas
para agregar valor na economia gaúcha.
Os detalhes da ferramenta (veja
abaixo) foram apresentados pela manhã a jornalistas e o lançamento oficial
ocorre durante a tarde, na Fundação Iberê Camargo. Além do plano, o governo
está criando a Invest.RS, agência que será responsável por atrair investimentos
e promover comercialmente o Rio Grande do Sul.
Os estudos para a criação do instrumento começaram antes da
enchente de maio e incluíram entrevistas e workshops com empresários e
especialistas. A gestão do plano de desenvolvimento será vinculada à estrutura
do Plano Rio Grande, idealizado para recuperar o Estado depois do desastre
climático de maio.
Na apresentação,
o governo frisou que o projeto foi concebido como estratégia de longo
prazo, que tenha continuidade em futuras
administrações mesmo em caso de mudança na orientação ideológica no comando do
governo. O vice-governador Gabriel Souza aponta que será preciso mostrar
resultados ainda no governo atual para que a ferramenta se torne consenso no
futuro.
— Temos o restante
do governo, que são dois anos e dois meses, para fazer o plano mostrar
resultados concretos, para que a sociedade tenha um senso de pertencimento e do
tamanho desse plano para o Estado e cobre os próximos governantes a mantê-lo em
funcionamento — avalia Gabriel.
Na apresentação do
plano, Sérgio Canova Júnior, sócio da McKinsey, apontou que um
dos principais desafios do Estado será a qualificação do capital humano, visto
que o RS tem a pirâmide etária mais envelhecida do
Brasil e precisará atrair trabalhadores de outros lugares para ampliar a
produtividade.
As quatro perspectivas
A estratégia de
selecionar produtos e serviços prioritários para o crescimento compreende
quatro perspectivas econômicas:
Sustentação - Inclui produções que já são relevantes na economia gaúcha
e podem ser alavancadas
Ascenção - Considera as vantagens competitivas do RS para agregar valor em
produtos e serviços com demanda em crescimento
Inovação - Visa aproveitar oportunidades atreladas a macrotendências
globais nas quais o RS tem potencial
Manutenção - Setores sem grande perspectiva de ascensão, mas que
contribuem com geração de emprego e renda e promoção da identidade cultural e
regional
Os 12 setores
No estudo para a
elaboração do plano, foram mapeados 12 setores estratégicos para alavancar a
economia nos próximos anos, que se enquadram nos conceitos das perspectivas
econômicas apresentadas acima. Veja quais são eles e alguns produtos e serviços
que abrangem:
Cadeia agropecuária - Grãos, carnes, leite, processamento de alimentos,
melhoramento genético, produção de sementes de leguminosas e biotecnologia.
Máquinas agrícolas - Tratores, colheitadeiras, máquinas automatizadas conectadas
à internet e de agricultura de precisão.
Fertilizantes - Produção de diferentes formas, que vão da convencional, com
matéria-prima importada, até a exploração de pedras fosfáticas, fertilizantes verdes,
biofertilizantes e nanofertilizantes.
Produtos regionais de nicho - Vinhos, espumantes, azeites e noz pecã.
Silvicultura, papel e celulose
- Produção de celulose, papéis e
embalagens, produtos de madeira, biomateriais, nanocristais e nanofibras
Produtos de transição
energética - Biodiesel, energias
renováveis, etanol, biogás, biometano, hidrogênio verde e combustível sintético
Máquinas, equipamentos e
semicondutores - Máquinas para indústrias,
eletrodomésticos, equipamentos para energias renováveis, semicondutores e novos
materiais, como o grafeno
Automotivo e cadeia - Veículos convencionais, como automóveis, motocicletas e
ônibus, peças, carros e ônibus elétricos, sistemas eletrônicos e novos
materiais.
Cadeia petroquímica - Resinas, polímeros reciclados, fibras sintéticas, produtos
plásticos, polímeros verdes, bioplásticos e plásticos degradáveis
Turismo - Serviços tradicionais como alimentação, acomodação e transporte,
novos polos e oferta de serviços digitais, inteligentes e automatizados
Saúde - Equipamentos de diagnóstico básicos e por imagem, equipamentos de
precisão, equipamentos para terapias (incluindo celular e genética), produção
de fármacos, medicamentos e terapias avançadas e materiais médicos.
Produtos e serviços digitais
- Prestação de serviços de TI, data
centers, desenvolvimento de softwares, soluções setoriais e investimento em
inteligência Artificial (IA).
Os cinco habilitadores
O governo
identificou que são necessárias iniciativas articuladas em torno de cinco áreas
que podem alavancar a competitividade do RS. São elas:
Capital humano - Atrair e reter pessoas, melhorar a qualidade da educação
básica e profissional, ampliar e consolidar as escolas em tempo integral.
Inovação - Fortalecer o ecossistema de inovação com foco na aplicação
prática, o que pode contribuir para maior conversão em riqueza.
Ambiente de negócios - Facilitar a realização de negócios e a atração de
investimentos a fim de ampliar o desenvolvimento econômico.
Infraestrutura - Ampliar cobertura da infraestrutura, diversificar e qualificar a
malha logística e atender áreas com menor cobertura.
Recursos naturais - Ampliar produtividade agropecuária com práticas sustentáveis e
aumentar resiliência climática e a descarbonização para impulsionar o
desenvolvimento sustentável.
Projeção de crescimento
A perspectiva para
o crescimento da economia gaúcha a partir da aplicação do plano apontam para um crescimento
de até 3% ao ano no PIB gaúcho até 2030. Em um
cenário conservador, esse índice seria de 2% ao ano.
Para efeitos de
comparação, nos últimos cinco anos a média de avanço anual foi de
1%.