As linhas a seguir foram escritas com tintas de
passionalidade futebolística. Embora arrefecida com o passar dos anos, a
paixão, que é rubra, sempre explode diante do absurdo.
O texto poderá conter alguns exageros, mas calma lá, as hipérboles
são próprias deste estado da alma que faz pulsar o coração no ritmo da bateria
alvirrubra do Salgueiro.
A sentença: o Sport Club Internacional é a maior vítima de
crime patrimonial desta famigerada pátria de chuteiras, e o meliante, ardil,
impiedoso, desavergonhado, tem um modus operandi bastante peculiar, executa o
crime no gramado.
Não sei ao certo como aconteceu pela primeira vez. Talvez em
2005. Tinga, depois de agredido com um violento golpe de arte marcial pelo
arqueiro corintiano Fábio Costa, ainda foi expulso e não teve o pênalti marcado
pelo árbitro.
A facção do apito, diante das câmeras, sob o olhar de
milhões de testemunhas, subtraiu a taça que se destinava ao armário colorado. O
desconcertante roubo consumou-se em um milésimo de segundo.
É roubo! Roubo, sim, roubo! Um jurista mais criterioso diria
que a conduta do facínora não se amolda ao art. 157 do Código Penal. Não! É
roubo! Subtrair o grito de “é campeão” das arquibancadas é crime repleto de
hedionda violência.
Os delitos nunca mais cessaram.
Durante a pandemia, com o Beira-Rio desprovido de torcida, o
árbitro, mancomunado com os operadores do VAR, não marcou outro pênalti. Empate
com o Corinthians. Flamengo campeão.
A máfia que atua no futebol brasileiro, sistematicamente,
subtrai sonhos, esperanças e alegria da torcida colorada. Pobres crianças
coloradas, indefesas, inocentes, testemunhando as retinas incrédulas do pai.
A farsa repetiu-se na quarta-feira: o Beira-Rio, como um
animal indomável, rugindo, estava lotado. Não haveria de acontecer a atuação do
malandro do apito. Tudo de novo. Lance interpretativo, omissão da tecnologia,
duas bolas na mão, pênalti não marcado. Empate contra o Flamengo.
Nada mais pode ser feito.
Nem é mais caso de polícia.
Arquive-se.
Desilusão.