A estrada e a estação ferroviária

 A construção da estrada de ferro que representou um forte impulso para o desenvolvimento, político, econômico e social da Villa de Santo Ângelo.

O ramal de Santo Ângelo foi construído pelo Batalhão Ferroviário, e, embora aprovado desde 1895, somente em 1911 foi entregue seu primeiro trecho ligando Cruz Alta, na linha Marcelino Ramos-Santa Maria a Ijuí. Em 1915 chegou a Catuípe, depois a Santo Ângelo (1921), a Giruá (1928) e somente em 1940 atingiu sua extensão máxima, em Santa Rosa. Era chamado de “Ramal de Ouro” por causa da grande quantidade de mercadorias que transportava. Os produtos coloniais vindos dos distritos eram embarcados nos trens.

O prédio da estação ferroviária foi construído por Gildo Castelarim, tendo como base um projeto arquitetônico realizado por uma Companhia Inglesa e tendo como espaço uma área de terra doada pelo Intendente Bráulio de Oliveira. Guichês de atendimento para compra de passagens e serviço de telégrafo eram realizados no mesmo espaço.

A velha Santo Ângelo recebeu novos pioneiros. Descendentes de alemães, os Schirach, Kegler, Jager, Ortmann e Draegmueller estabeleceram- se para os lados da estação férrea aonde começou a se formar um novo núcleo comercial no qual a língua alemã comumente utilizada. Este núcleo- cognominado “Alemanha”_ se expandia até a rua 14 de Julho (Hoje, 25 de Julho): ao sul desta rua a velha Santo Ângelo era chamada “Brasil”.

No dia 14 de outubro de 1921, em trem especial seguiu para Cruz Alta, afim de inaugurar o trecho de Santo Ângelo, Augusto Pestana, diretor da Viação Férrea. Entre Cruz Alta e Santo Ângelo correu um trem conduzindo a banda musical do 8º regimento de infantaria e diversas famílias.

Leo Fett (In memoriam), quando realizou a viagem de trem a partir de Lajeado, passando por Cruz Alta e chegando pela primeira vez em Santo Ângelo comentou que a estação férrea parecia plantada no far west missioneiro. Depois de um apito e com os sinos badalando, o trem encostava-se gare. ” Olha a gaiota, o gaioteiro! ” Ficou sabendo por seu pai que se tratava da carrocinha de duas rodas, puxadas por cavalo ou burro. Hotel Brasil, Hotel dos Viajantes, Hotel Kurtz, Hotel do Comércio era o que se ouvia.

Em pesquisa realizada sobre estações e ferroviárias, a estação foi desativada em 1969, quando da abertura da linha ligando Santo Ângelo a Cerro Largo, nesse mesmo ano, obrigando a nova linha a se juntar com a de Santo Ângelo mais para fora da cidade, o que obrigou a uma mudança de percurso e de local da estação.