Os gastos do Brasil com educação, do Ensino Fundamental ao
Superior, diminuíram 2,5% ao ano entre 2015 e 2021. Já os países membros
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fizeram
movimento inverso, com aumento de 2,1% por ano no mesmo período. Os dados são do estudo Education
at a Glance 2024, divulgado pela organização internacional nesta
terça-feira (10).
Se considerar a participação
dos gastos públicos em educação como parte dos gastos totais do governo, a
redução aconteceu não apenas no Brasil como nos outros países do estudo. O
montante foi de 11,2% em 2015 para 10,6% em 2021 no Brasil - não muito
diferente dos países da OCDE, que no mesmo período foram de 10,9% para 10,0%.
Especialistas defendem
investimentos dos governos em educação como forma de alavancar o
desenvolvimento do país, mas destacam a necessidade de aumentar a eficiência do
gasto para melhorar os resultados. Entre 2015 e 2021, o Brasil viu sua
capacidade orçamentária recuar diante da crise socioeconômica, e depois pelos
efeitos da pandemia, recorrendo a uma medida de teto de gastos que conteve
a escalada de gastos públicos.
O investimento brasileiro em educação básica equivalente a menos de um
terço do que é gasto pela média da OCDE. Na maioria dos países, os gastos
aumentam de acordo com o nível de ensino.
Dados por nível de ensino
O gasto médio anual brasileiro por aluno em instituições públicas de Ensino Fundamental I é de US$
3.668 (cerca de R$ 20.540 na cotação atual), comparado a uma média de US$
11.914 (cerca de R$ 66.718 na cotação atual) nos países da OCDE.
O gasto médio anual brasileiro por aluno em instituições públicas de Ensino Fundamental II é
de US$ 3.745 (cerca de R$ 20.970) comparado a uma média de US$ 13.260 (cerca de
R$ 74.255) nos países da OCDE.
O gasto médio anual brasileiro por aluno em instituições públicas de Ensino Médio é de US$ 4.058 (cerca de R$
22.724), comparado a uma média de US$ 12.713 (cerca de R$ 71.190) nos países da
OCDE.
A exceção é o investimento em Ensino
Superior, em que o país tem gasto mais alto em relação ao que investe na Educação
Básica. São US$ 13.569 (cerca R$ 75.986) investidos nas universidades públicas.
Ainda assim o montante ainda abaixo da média de US$ 17.138 (cerca R$ 95.970)
que os países economicamente desenvolvidos colocam no mesmo nível de ensino.
Educação Infantil
O documento não detalha os valores em dólar gastos pelo Brasil ou pelos
países da OCDE, mas ressalta que a etapa escolar "tem recebido muita
atenção nos últimos anos devido à sua importância, especialmente para crianças
de famílias carentes".
No entanto, o Brasil conseguiu um aumento de investimento público
em Educação Infantil bastante
superior em relação à alta dos países economicamente desenvolvidos. Enquanto o governo brasileiro aumentou 29% do
gasto em relação ao PIB entre 2015 e 2021, em toda a OCDE, a alta foi de em média 9%.
"A educação infantil pode ajudar a reduzir
as lacunas de desenvolvimento que colocam algumas crianças em desvantagem
quando se matriculam na escola primária", destaca o estudo da organização
internacional.
No Brasil, a maior parte do
investimento na educação infantil (creche e pré-escola) e no ensino fundamental
é feita pelos governos municipais, enquanto os Estados ficam a cargo dos
governos estaduais.
Mais tempo na escola
Na maioria dos países
desenvolvidos, 96% das crianças estão matriculada na Educação Infantil um ano
antes do início do Ensino Fundamental. No Brasil, a taxa não ficou tão
abaixo, em 90%.
"Embora a maioria das crianças e jovens participe da
educação nos anos anteriores e posteriores ao ensino obrigatório, nem todos o
fazem. Para aumentar o número de matrículas nos primeiros anos ou entre os
jovens, doze países membros da OCDE e países em vias de adesão aumentaram a
duração do ensino obrigatório na última década", compara o levantamento.
Em média, nos países da OCDE,
o ensino obrigatório agora dura 11 anos. No Brasil, o ensino obrigatório é
mais longo, com duração de 13 anos, dos 4 aos 17 anos de idade.