O
primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
2024 teve nível de dificuldade médio (dentro do esperado) e, para muitos, mais
fácil do que a da edição aplicada no ano passado. Apesar disso, surpreendeu ao
apresentar temas atuais, dando uma cara mais "moderna" ao exame,
segundo educadores ouvidos pelo g1.
Três
destaques do primeiro dia (e um bônus):
FILOSOFIA: Um dos destaques
no quesito complexidade foram as questões sobre filosofia, que apresentaram um
nível mais elevado do que o da prova no ano passado, exigindo mais
conhecimentos de temas técnicos.
LINGUAGENS: Professores
avaliaram que houve poucas dúvidas em relação às questões de gramática e texto,
deixando a prova com nível médio, mas mais tranquila do que a de 2023. Apesar
disso, questões foram extensas e exigiram boa gestão do tempo.
REDAÇÃO: Texto sobre
"Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”
não foi um tema óbvio, mas seguiu a tendência da prova e foi considerado de
fácil abordagem.
TEMAS
SOCIAIS:
Em uma prova marcada por abordar temas relevantes para a sociedade, as frases de capa de cada caderno foram retiradas de obras de
Carolina Maria de Jesus.
A
prova aplicada neste domingo (3) era composta por 90 questões de linguagens e
ciências humanas, contando também com línguas estrangeiras e uma redação
dissertativa-argumentativa. Ao todo, os alunos tinham cinco horas e meia para
resolver todos os itens.
"De
modo geral, a prova teve um nível de desafio médio. Contudo, o estudante que se
preparou e realizou questões de anos anteriores não enfrentou grandes dificuldades,
tendo como principal desafio a gestão do tempo", avalia Luiz Otávio
Ciurcio Neto, coordenador do Poliedro Curso São Paulo.
Para
Luiz Otávio Ciurcio Neto, coordenador do Poliedro Curso São Paulo, as questões
corresponderam às expectativas sobre o exame. "Foi uma prova extensa, em
que a leitura era a principal ferramenta, como já é característico do 1º
dia", afirma Neto.
Diogo
D’ippolito, coordenador do Colégio e Sistema pH, avalia que a prova do primeiro
dia de Enem 2024 foi de média complexidade, e que manteve o padrão
característico, tanto no formato quanto no conteúdo cobrado.
Os
temas que contextualizaram as questões do exame foram o grande destaque,
segundo os professores. Para Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora
Pedagógica do Objetivo, o exame se apresentou moderno e bem antenado com
questões sociais de mulheres, indígenas e negros.
Abaixo,
confira a análise de professores sobre cada disciplina cobrada na prova deste
domingo. As questões de educação física apareceram de maneira muito
interdisciplinar, segundo professores. Por isso, não são comentadas abaixo.
Filosofia
As
questões de filosofia que compuseram a prova de ciências humanas chamaram
atenção dos professores por sua complexidade.
"As
questões estavam um nível acima. Precisavam que o aluno tivesse um certo
conhecimento sobre teorias, filósofos. [Eram] questões bem feitas — tirando a
dificuldade — que envolvem ética e epistemologia", avaliou Rafael
Lancelloti, professor do Cursinho da Poli.
Mário
Marcondes, da Plataforma Ferretto, também considera que o nível de dificuldade
das questões de filosofia foi alto, destoando da maior parte do exame.
Já
Henrique Morele, professor de Filosofia e Sociologia do Colégio Oficina do
Estudante, destaca a questão que tratava de posicionamentos filosóficos (número
49 na prova amarela) foi bastante reflexiva.
"O
aluno teria que ter uma habilidade de leitura interessante e, além disso,
retomar conceitos que ele aprendeu em aula para conseguir chegar no gabarito,
que, inclusive, trazia um termo bem técnico também, um termo bem específico da
história da Filosofia, o termo epistemologia", avalia Morele.
Língua estrangeira - Inglês
Marcio
Pantoja, professor de Inglês do Colégio Oficina do Estudante, avalia que a as
questões de inglês tiveram dificuldade média e não fugiram do padrão dos anos
anteriores.
Mariana
Billia, professora e coordenaora de inglês do Grupo Etapa, diz que as questões
da disciplina foram variadas, com textos mistos. Ela analisa que as questões
foram claras, com alternativas diretas, que devem ter sido de fácil resolução
para os candidatos que leram com atenção.
Língua estrangeira - Espanhol
"A
prova de Espanhol exigiu um conhecimento básico dos candidatos, apresentando um
nível de dificuldade considerado tranquilo. Não era necessário dominar
profundamente a língua espanhola, pois era possível resolver as questões por
meio de assimilação", analisa Luiz Otávio Ciurcio Neto, coordenador do
Poliedro Curso São Paulo.
Português
Wander Azanha, diretor do Curso
Pré-Vestibular Oficina do Estudante, definiu que a prova de língua portuguesa
da prova teve o mesmo nível de dificuldade de anos anteriores. Ele destacou a
presença de autores tradicionais, variações lingísticas e referências à
produções afro-brasileiras.
Artes
As
questões de arte apareceram na prova de maneira interdisciplinar, ou seja,
associada a outras disciplinas.
"Tivemos
música, artes plásticas, arte contemporânea, arte contemporânea em confronto
com a tradição, com a arte produzida ao longo da história, texto de campanha
publicitária, e linguagens verbais associadas a não verbais para mudar
comportamentos e hábitos", enumera João Filho, da Plataforma Professor
Ferretto.
História
Rodrigo
Magalhães avalia que a prova de história seguiu o do padrão do Enem. "Grande
necessidade de interpretação, mas uma prova cansativa, com textos bem longos.
Apenas três questões com imagens na prova de ciências humanas, um predomínio
bastante grande de textos", diz.
Já
Renato Alves, que leciona a disciplin no Colégio Oficina do Estudante, avaliou
que as questões de história se destacaram por sua pluralidade, por exigir
conhecimentos diversos dos candidatos.
Geografia
Paulo
Inácio, coordenador de geogradia do Grupo Etapa, diz que as questões da
disciplina continham "muitos textos e muitos conceitos", o que
poderia cansar os candidatos. No entanto, aqueles que conseguiram ultrapassar
essa barreira encontrariam as respostas sem grandes dificuldades.
"De
modo geral, as questões de geograia mantiveram um nível de dificuldade médio.
Algumas um pouco mais difíceis, por serem mais conceituais, outras um pouco
mais simples, por serem objetivas. Mas, de um modo geral, exigia atenção",
explicou Luis Felipe Valle, professor do Colégio Oficina do Estudante.
Sociologia
Boa
parte das questões de sociologia da prova deste ano também poderiam ser
entendidas como questões de história, segunfo professores.
"As questões que falam sobre, principalmente, diferenças étnico-raciais, que levam também às desigualdades sociais, então é um modelo muito correto, na minha opinião, sobre esse tipo de questão. Ele pega tanto história quanto sociologia, porque está trabalhando na Constituição de 88, mas fala de história dos remanescentes dos quilombos, então aí você já pode também ter a questão dos vidas negras importam, que aconteceu no começo da pandemia, nos Estados Unidos", explica Pedro Rennó, da Plataforma Professor Ferretto.