Gilberto Kerber, do PRD, candidato a vice-prefeito de José Lima, do Republicanos, foi o terceiro entrevistado da semana no programa Rádio Visão, da Super Rádio Santo Ângelo. Advogado, professor universitário e produtor rural, Kerber disse que respeita a todos que atuaram como gestores no município, porém, é preciso repensar as prioridades, definindo vocações de Santo Ângelo.
Kerber disse ter sido surpreendido com o convite para ser
candidato a vice-prefeito. “Estava desenvolvendo um projeto para o Eduardo
Silva, o Fino, ser candidato a prefeito ou vice. Entretanto, na fase das
decisões sobre candidaturas, Fino teve dengue e surgiu essa possibilidade.
Vínhamos trabalhando no plano de governo de José Lima e dali fui indicado para
ser o vice”.
O entrevistado salientou que a proposta é de trabalhar
junto com o prefeito Lima. “Se fosse para ser decorativo, não teria nem
aceitado. O trabalho do vice está definido em nosso projeto de gestão, de
trabalhar em conjunto”.
SAÚDE
Com relação a saúde pública, Gilberto Keber abordou os
números da UPA. Segundo ele, dez mil atendimentos mensais na UPA representa um
número muito grande de pessoas que estão doentes. “Não estou desqualificando a UPA. O número é
reflexo do atendimento que não está sendo feito de forma preventivo. Precisamos
fazer que não seja necessário buscar a UPA se a prevenção funcionar”.
Também cobrou um plano efetivo para atendimento de idosos
e portadores de necessidades especiais. “Nós temos propostas diferentes.
Prioridades e vocações diferentes para administrar para a população, se ela
assim entender”. Cobrou que a Lei Orgânica do Município cobra atendimento para
esse público, o que não é cumprido. “Temos que fazer um plano para dar
sustentação aos idosos”.
Outro ponto tratado pelo candidato do PRD é a
municipalização da saúde. Segundo ele, essa é uma questão definida nos planos
da sua coligação. “Qual a razão de se ter deixado atendimentos especializados
serem levados para outros municípios, como Santa Rosa e São Borja?”.
Indagado que algumas especialidades deixaram Santo Ângelo
devido a decisões da direção do Hospital Regional das Missões, Kerber disse que
a origem está no fato da saúde santo-angelense não ser municipalizada. “Esse
pontos que estamos a discutir. Por que passar pelas mãos do Estado se o
dinheiro pode vir direto da União para o Município? Não tem nada a observar
sobre a honra e capacidade do prefeito Jacques Barbosa, mas sim sobre as
prioridades”.
Questionado das razões de Lima não ter municipalizado a
saúde quando prefeito, Kerber disse que a gestão ocorreu há 20 anos, num outro
cenário. “A proposta da municipalização era recente e tivemos que aprender com
o tempo e hoje está tudo muito claro de quem é a competência de cada um e estamos
invertendo essa ordem”.
ECONOMIA
Gilberto Kerber avaliou ainda a proposta de reforma
tributária como muito perigosa para os municípios. No seu entendimento, nem o
IPTU será cobrado pelo Município. O recurso irá para o Estado e União para
depois ser redistribuído. “É o contrário do que deveria ser. Nós estamos nos
municípios”.
Também citou que são mais de 31 mil aposentados do INSS
em Santo Ângelo. “São números surreais. A grande maioria ganha salário mínimo e
são entre quatro e cinco mil que recebem o Bolsa Família. Numa população onde
não contarmos as crianças, os jovens, é quase a metade vivendo de recursos
públicos. Temos que fazer alguma coisa para mudar esse quadro”.
EDUCAÇÃO
Conforme o candidato, os índices da educação municipal de
Santo Ângelo são baixos e, por isso, é preciso uma ampla remodelação, iniciando
pela administração e abrangendo a grade curricular. “É necessário mudar para
proporcionar a devida qualificação escolar. Uniformes são importantíssimo, mas
não fazem a diferença. Essas situações que questionamos. A educação de Santo
Ângelo se mantém, com o mesmo conjunto de pessoas no comando”.
Também falou sobre parcerias com as instituições de
ensino superior. “Se queremos realmente descobrir a nossa vocação, essas ações
são fundamentais”.
INTERIOR
Com relação ao meio rural, Kerber disse que muito se fala
da questão econômica, mas é impossível tratar disso sem abordar a produção
agropecuária. “A maioria do nosso território é de pequenas propriedades. É
fundamental incentivar a produção de todos os segmentos. Porém, é necessário
infraestrutura. Hoje não tem internet de qualidade no interior. Isso gera uma
dificuldade grande de ter mão-de-obra no campo, porque não se fez esse tipo de
incentivo e essa experiência o Lima possui. A comunidade sabe que a água que
existe no interior foi o Lima quem levou e depois disso não foi feito quase
nada”.