O presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou na tarde
de ontem (21) que desistiu de concorrer à reeleição. O anúncio foi feito por
meio de comunicado nas redes sociais.
No comunicado, Biden não anuncia quem o substituirá. Porém,
ele afirma, posteriormente, que endossa o nome de Kamala Harris, atual
vice-presidente norte-americana, para ser a nomeada do Partido Democrata.
O pronunciamento
No comunicado divulgado pelas redes sociais, Biden declarou que deve se
pronunciar sobre sua decisão, com mais detalhes, ao longo da semana. "Eu
falarei com a nação, mais tarde, ao longo desta semana, com mais detalhes sobre
a minha decisão", escreveu na carta divulgada nas redes sociais.
"Essa foi a maior honra da minha vida ser presidente (dos Estados Unidos)",
enfatizou na carta.
O então pré-candidato a reeleição destacou que era sua intenção se
manter na corrida presidencial pela Casa Branca, mas que sua decisão leva em
consideração o melhor para seu partido e para o país. "Nos últimos três
anos e meio, nós fizemos um grande avanço na nossa nação", começou dizendo
o presidente.
"Hoje, os Estados Unidos têm a economia mais forte do mundo.
Fizemos investimentos históricos em reconstruir a nossa nação", enfatizou.
No seu pronunciamento, Biden agradeceu o apoio popular que recebeu,
relembrando as dificuldades enfrentadas pelo país durante a pandemia de
covid-19, em 2020, e também o momento de pressões econômicas que o
representante democrata chamou de "grande depressão econômica".
Ainda na carta, Biden aproveitou para declarar sua gratidão a sua
companheira na chefia da Casa Branca. "Eu gostaria de agradecer a
vice-presidente Kamala Harris por ter sido uma parceira extraordinária em todo
esse trabalho", acrescentou.
Quem é Kamala Harris
A vice-presidente dos EUA é filha de imigrantes da Jamaica
e da Índia. Depois de dois mandatos como promotora de San Francisco
(2004-2011), foi eleita duas vezes promotora da Califórnia (2011-2017),
tornando-se a primeira mulher, mas também a primeira pessoa negra, a chefiar os
serviços jurídicos do Estado mais populoso e rico do país.
Em seguida, em janeiro de
2017, foi empossada no Senado em Washington, tornando-se a primeira mulher com
raízes no sul da Ásia a chegar à Câmara alta na história dos Estados Unidos, e
a segunda mulher negra no Senado americano.
Harris cresceu em Oakland, na
Califórnia progressista dos anos 1960, orgulhosa da luta pelos direitos civis
de seus pais.
Ela conhece bem Biden e era próxima do filho dele,
Beau Biden, que morreu de câncer em 2015. Essa proximidade, no entanto, não a
deixou de fora de brigas. Foi bastante crítica ao pré-candidato no primeiro
debate democrata, em 2019, questionando suas posições sobre políticas para
acabar com a segregação racial na década de 1970.
Na ocasião, contou emocionada
que, quando era menina, viajava em um dos ônibus que levavam estudantes negros
a bairros brancos. Por algumas semanas, chegou a ser apontada como uma das
favoritas para liderar a chapa presidencial democrata em 2020, mas em seguida sua
candidatura recuou.
Depois de abandonar as
primárias, em dezembro, ela declarou apoio a Biden, em março de 2020.
Em 2 de julho, uma pesquisa
divulgada pela CNN mostrou que Harris está em melhor posição do que Joe Biden,
mas não venceria o republicano Donald Trump. Ela receberia 45% das intenções de
voto contra os 47% do ex-presidente republicano de 78 anos.
O presidente Biden receberia
apenas 43% contra os 49% de seu antecessor, o mesmo percentual de outra
pesquisa publicada nesta quarta-feira pelo New York Times/Siena College.
Idas e vindas de Biden
No dia 17 de julho, Biden
disse que poderia reavaliar sua candidatura à Casa Brancase "alguma
condição médica emergir, médicos dizendo você tem este e aquele problema"
de saúde, sem dar mais detalhes, em entrevista exclusiva ao canal BET News.
Ele complementou o comentário desta forma: "Cometi um
grave erro em todo o debate (com Donald Trump)". Poucas horas depois Joe
Biden testou positivo para covid-19 em Las Vegas, onde estava
cumprindo uma agenda eleitoral.
Porém, no sábado (20), após o discurso
em comício de campanha do candidato republicano à presidência dos Estados
Unidos, Donald Trump, o atual presidente e candidato à
reeleição pelo partido democrata, Joe Biden, ironizou as falas do
adversário na rede social X (antigo Twitter).
"É um milagre, pessoal.
Donald Trump disse a verdade pela primeira vez", pontuou, ao se referir à
fala de Trump de que esta será a eleição "mais importante da
história". "É a eleição mais importante de nossas vidas. E eu vou
vencê-la", completou Biden.
Pressão pela desistência
Havia um amplo esforço de
Biden de melhorar sua popularidade, após sua questionável participação no
primeiro debate da campanha contra Trump, ocorrido há quase um mês, quando o
presidente mostrou dificuldades para se expressar e parecia confuso e cansado
em alguns momentos.
Vários deputados e um senador
do seu partido já pediram em público que Biden deixe a disputa e permita que um
novo candidato democrata enfrente Trump em novembro. Depois do debate com o
republicano, Biden já concedeu entrevistas para as redes ABC e NBC e
uma entrevista coletiva na semana passada.
Apesar das pesquisas mostrarem
desvantagem em relação ao republicano, Biden estava ignorando as críticas
e os pedidos para desistir da corrida por um segundo mandato na Casa
Branca.
Quase dois terços de seu
próprio partido querem que o presidente se afaste, de acordo com uma recente
pesquisa da Associated Press e do Centro de Pesquisa NORC.
O influente congressista Adam
Schiff se tornou na quarta-feira o democrata de maior peso a pedir que Biden,
para "assegurar seu legado", desista de sua tentativa de reeleição.