O prefeito Sebastião Melo (MDB) confirmou o
favoritismo e foi reeleito, neste domingo (27), para governar Porto
Alegre por mais quatro anos, entre 2025 e 2028. No segundo turno, Melo, 66
anos, recebeu 406.467 votos, equivalente a 61,53% dos válidos. A adversária
Maria do Rosário (PT) ficou com 38,47%.
— Muito obrigado, Porto Alegre. Vou governar para quem
votou em nós, para quem votou nos adversários e para quem deixou de votar.
Serei prefeito de todos os porto-alegrenses — afirmou Melo, em entrevista
coletiva no Hotel Embaixador, após a confirmação da vitória.
Na primeira manifestação, Melo esteve ao lado
da primeira-dama Valéria Leopoldino e de lideranças políticas da sua
aliança. Ele destacou o tom acertado da campanha, o que foi de
reconhecimento geral, inclusive entre adversários.
— Acertamos muito. A gente
municipalizou a campanha, é o que deve ser feito. Não somos
candidatos ao governo do Estado ou à Presidência. Nos posicionamos dizendo o que fizemos e apontando o que vai
avançar. Tivemos dois projetos muito diferentes nessa eleição. Somos o projeto
da prosperidade, da família, que não aumenta impostos e não defende o estatismo
— afirmou o prefeito reeleito.
Melo ainda saudou a adversária:
— Quero
cumprimentar a Maria do Rosário. Conheci ela em 1992. Tivemos uma campanha dura
no segundo turno, mas, se compararmos com o Brasil, Porto Alegre está de
parabéns pelo nível da campanha.
O emedebista
declarou que a Capital "não terá terceiro turno" e que é hora de
"unir a cidade".
Depois da
primeira manifestação como reeleito, seguiu até o comitê de
campanha na Avenida Pernambuco para celebrar com a militância. Perto das 22h, chegou à tradicional Churrascaria Barranco para
jantar com aliados.
Reconstrução pós-enchente
O próximo mandato será decisivo para a cidade avançar na reconstrução e ampliação do
sistema de contenção de enchente. Melo assegurou, na entrevista, que o
objetivo mais imediato é terminar
as obras emergenciais de proteção. Também mencionou a
necessidade de construir defesas
para regiões da cidade onde não existe, desde o Cristal até o extremo
sul. Habitação, transporte público, coleta de lixo, educação e saúde também
estão entre os desafios.
A vitória de Melo marca uma redenção pessoal do goiano de Piracanjuba, radicado em Porto
Alegre desde 1978. Em maio, quando cerca de um terço da cidade ficou debaixo
d'água, a cheia revelou falhas no sistema de proteção, nos portões da Mauá, nas
casas de bombas e nos diques.
Melo foi acusado de ter
sido negligente com a manutenção. Ouviu insultos da população nos
bairros e até no café da manhã no Hotel Embaixador, no Centro Histórico, onde
estava hospedado à época da crise, já que sua casa no Guarujá também havia sido
engolida pela cheia.
“Os 60 dias mais
difíceis da minha vida pública eu vivi nesse hotel. Tentaram crucificar o Melo
na enchente e o povo respondeu com mais de 61%. O povo julgou o Melo da
enchente e o dos quatro anos de governo”, destaca Sebastião Melo.
Ainda naquele período de contestação, ele conseguiu
retomar a imagem do Melo que trabalha da manhã à noite "na linha de frente
", como gosta de afirmar. A estratégia de dividir responsabilidades
com o Estado e a União funcionou, aliada à
justificativa de que a tragédia não teve partido, atingiu centenas de cidades e
teve força superior à do sistema de defesa de Porto Alegre, projetado e
executado entre as décadas de 60 e 70.
Aliança
ampla
Melo também venceu
na política de alianças. Largou com oito
partidos desde o primeiro turno, do centro até a direita radical, galvanizando em si o voto do bolsonarismo. Teve intenso apoio
da elite empresarial e contou, mais uma vez, com o voto das periferias. No
segundo turno, agregou a parceria do governador Eduardo Leite (PSDB),
entre outros.
As resistências a Melo cresceram depois da enchente,
mas a rejeição à adversária Maria do Rosário se revelou maior, conforme
mostraram as pesquisas, o que também beneficiou o
prefeito reeleito.
Na propaganda na TV, Melo conseguiu
emplacar jingles grudentos e destacar realizações da gestão, como as cerca de 600 novas paradas de ônibus e a entrega das
avenidas Tronco e Severo Dullius, ambas previstas para serem inauguradas até a
Copa de 2014. O destaque às realizações foi combinado com promessas para a nova
gestão, onde se destacam a ampliação do Hospital de Pronto Socorro
(HPS) e a construção do novo Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV).
Ainda na propaganda de TV, transformou
o uso do chapéu de palha em uma marca de simplicidade e carisma. Até
a adoção do apelido "chinelão", inicialmente cunhado de forma
pejorativa por opositores, serviu como ativo para capitalizar a imagem de homem
do povo. Neste domingo, aliados do prefeito trajavam chapéu de palha e
camiseta com a inscrição "eu quero, de novo, o chinelão do povo".
As resistências a Melo cresceram depois da enchente,
mas a rejeição à adversária Maria do Rosário se revelou maior, conforme
mostraram as pesquisas, o que também beneficiou o prefeito reeleito.
Na propaganda na TV, Melo
conseguiu emplacar jingles grudentos e destacar realizações da gestão,
como as cerca de 600 novas paradas de ônibus e a entrega das avenidas Tronco e
Severo Dullius, ambas previstas para serem inauguradas até a Copa de 2014.
O destaque às realizações foi combinado com promessas
para a nova gestão, onde se destacam a ampliação do Hospital de Pronto
Socorro (HPS) e a construção do novo Hospital Materno Infantil Presidente
Vargas (HMIPV).
Ainda na propaganda de TV, transformou o uso do
chapéu de palha em uma marca de simplicidade e carisma. Até a adoção do
apelido "chinelão", inicialmente cunhado de forma pejorativa por
opositores, serviu como ativo para capitalizar a imagem de homem do povo. Neste
domingo, aliados do prefeito trajavam chapéu de palha e camiseta com a
inscrição "eu quero, de novo, o chinelão do povo".
“O escritório vai analisar o que deu
certo e o que deu errado até aqui. Questões burocráticas, composições
partidárias e a reforma administrativa. A criação da Secretaria de Turismo e
Eventos é exemplo do que vai passar no escritório de transição”, ressalta André
Coronel.
Melo deseja potencializar o nicho de turismo na
economia da cidade e se comprometeu durante a
campanha, em reunião com representantes do setor, a ampliar as
políticas públicas e criar uma secretaria específica.
Apoio
na Câmara
Os partidos
predominantes na estrutura de governo serão MDB, PL, a
federação PSDB-Cidadania e o PP. Também terão relevância Republicanos e
Podemos. Nos bastidores, a avaliação é de que o experiente emedebista Cezar
Schirmer deverá seguir no governo.
O vereador Idenir Cecchim ficou de suplente na
eleição deste ano, mas deverá ter lugar no secretariado ou assumir mandato
na Câmara a partir de 2025 com a ida de outros
emedebistas eleitos para o primeiro escalão do governo. Tanto Schirmer quanto
Cecchim são da estreita relação do prefeito reeleito.
Na Câmara, deverá ter apoio
de pelo menos 20 vereadores, dentre os 35 eleitos. Será um governo de
maioria. No MDB, lideranças avaliam que é possível agregar o Novo para a
base. No atual mandato, a sigla é independente.
O principal debate que deve
se iniciar na Câmara já em 2025 é o da concessão parcial ou total do Dmae
à iniciativa privada.
Educação
Um dos
principais desafios de Melo, além de reduzir a fila da saúde por consultas e
exames, será a educação. No primeiro mandato, quatro secretários passaram pela
pasta, sendo que uma delas, Sônia da Rosa, foi presa temporariamente por
suspeita de corrupção. Além disso, o último Ideb revelou baixo nível de
aprendizagem dos alunos.
Melo irá propor um pacto
entre governo, professores, dirigentes de escola, universidades e sociedade
civil para reformar o currículo e iniciar uma mudança. A avaliação é de que, sem
um contrato social e apenas por vontade do Executivo, as mudanças esbarram em
resistências e não acontecem.
Ele disse que, no segundo mandato, pretende
"deixar uma marca na educação" e "melhorar o Ideb". O
prefeito mencionou as hipóteses de criar uma premiação para as escolas mais
destacadas e de adotar um sistema de lista tríplice para a nomeação de
diretores de escolas municipais.
Ele defendeu a concretização de uma parceria
público-privada para terceirizar a tarefa de fazer as manutenções prediais das
escolas, deixando para os diretores exclusivamente as atividades
pedagógicas. Melo afirmou, mais uma vez, que cumprirá o mandato até o
final, afastando especulações de que poderia concorre ao Palácio Piratini em
2026.
É a terceira vitória
eleitoral do MDB em Porto Alegre no século 21. As duas mais recentes foram com
Melo, em 2020 e 2024, e outra com José Fogaça em 2008. Antes disso, Fogaça se
elegeu em 2004, quebrando a série de quatro mandatos do PT, quando estava no
antigo PPS. No decorrer daquele mandato, Fogaça regressaria ao MDB, sigla que
exerce posição hegemônica desde então nas disputas pela prefeitura da Capital.