O número de pessoas que pediram demissão bateu recorde em 2024. A maior parte é de jovens que querem mudar de carreira ou decidem empreender. Para alguém que sempre quis ser empreendedor, pedir demissão foi uma medida inevitável.
"Eu trabalhava horário
normal, nove, dez horas por dia. Fazia faculdade à noite, ganhava salário
mínimo”, conta o empresário Caio Ramos Vasconcelos.
Para os trabalhadores em geral, principalmente os mais
qualificados, mercado aquecido pode significar mais oportunidades de melhorias
e mudanças na carreira, seja trabalhando por conta própria ou de carteira
assinada.
É nesse contexto que, entre janeiro e setembro, o Brasil registrou um pico de 6,5 milhões de
pedidos de demissão. Bem mais do que no mesmo período de 2023 e 2022.
Um dado que chama atenção no
levantamento da FGV é que, de cada 100 pedidos de demissão
feitos em 2024, 30 foram de jovens entre 18 e 24 anos. Nenhum outro grupo tem
tantos demissionários assim.
"O jovem tem característica
de buscar empregos com melhores oportunidades. Então, eles migram entre os
trabalhos de forma mais fácil do que outras faixas etárias. Há um aumento dessa
demissão voluntária e também uma elevação dos salários médios do Brasil. Então,
esses dois fatores conjuntamente influenciam para que o nosso mercado de
trabalho esteja aquecido”, afirma Janaina Feijó, pesquisadora do FGV Ibre.
Outro dado: na comparação com
2023, há 15% a mais de jovens se demitindo em 2024.
Nem sempre dá certo para todo
mundo, mas para Caio, empreender está indo bem. O jovem de 26 anos, que foi
ascensorista para pagar a faculdade de marketing, agora pega o elevador para
chegar mais depressa a uma das empresas em que se tornou sócio.
"Quando eu cheguei na
faculdade, eu ficava seis horas dentro de um elevador fechado. E ainda era um
elevador velho. Inclusive, eu usava chave de fenda para apertar os botões. Mas
foram quatro meses assim, dentro do elevador, trabalhando seis horas por dia e
ganhando R$ 800 por mês. Tenho três anos e meio de formado. Hoje, eu tenho uma
agência de marketing e tenho três clínicas de medicina masculina. Eu perseverei
e hoje, graças a Deus, está dando certo”, conta Caio.