O Instituto Butantan entregou hoje (16) à Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) os documentos para a aprovação de sua vacina
contra dengue, a primeira do mundo em uma única dose. Caso seja dada a
autorização, a instituto terá condições de produzir 100 milhões de doses para o
Ministério da Saúde pelos próximos três anos.
Foram encaminhados à Anvisa nesta segunda-feira (16) três
pacotes de informações sobre o imunizante. Foi a última leva de documentos
necessários ao processo de autorização para a fabricação da chamada
Butantan-DV.
“É um dos maiores avanços da saúde e da ciência na história
do país e uma enorme conquista em nível internacional. Vamos aguardar e
respeitar todos os procedimentos da Anvisa, um órgão de altíssima competência.
Mas estamos confiantes nos resultados que virão”, afirma Esper Kallás, diretor
do Instituto Butantan.
O último participante dos ensaios clínicos do imunizante
completou o acompanhamento em junho. Foram cinco anos de ensaios e observação.
A New England Journal of Medicine publicou recentemente os dados de
segurança e eficácia da candidata à vacina. Os números mostraram 79.6% de
eficácia geral pra prevenir casos de dengue sintomática.
Já a The Lancet Infectious Diseases publicou os dados da
fase três do ensaio clínico, que apontaram uma proteção de 89% contra dengue
grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas
por até cinco anos.
No caso de aprovação do imunizante pela Anvisa, o Butantan
acredita que tem condições de fornecer um milhão de doses no próximo ano.
Outras 100 milhões de doses poderão ser entregues nos anos de 2026 e 2027.
As informações encaminhadas ao Butantan nesta segunda-feira
(16) detalham os processos de fabricação da vacina. Ou seja, demonstram como os
testes de formulação e envase cumprem os requisitos da agência.
A fábrica da vacina, que fica no Centro Bioindustrial do
Butantan, foi inspecionada e teve suas instalações aprovadas pela Anvisa. Em
caso de autorização para a fabricação do imunizante, o Butantan deve enviar uma
solicitação de autorização de preço à Câmara de Regulação de Mercado de
Medicamentos.
Depois disso,a Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) vai analisar a incorporação da
vacina ao Sistema Único de Saúde. É a etapa na qual se verificam pontos como
redução de internações e de absenteísmo ao trabalho, benefícios e riscos no
longo prazo e para a população brasileira.