As primeiras perícias indicam que foi envenenamento a
provável causa da morte de três mulheres após comerem bolo, no dia 23, em
Torres. Exames feitos em uma mulher (a que confeccionou o doce) e um
familiar dela, um menino de 10 anos, acusaram a presença de arsênio no sangue.
Esse é um elemento químico usado para produzir um dos
mais conhecidos venenos já produzidos pela humanidade, o arsênico.
Ele é usado como conservante de couro e madeira. E
inseticidas. Basta uma dose de 140 miligramas de arsênico para causar a morte
de um ser humano adulto por dano à respiração celular, em poucas horas. Uma das
pessoas que trabalha no caso já define:
— Estamos diante de um triplo homicídio, só não
sabemos quem fez e por que. Sequer se foi proposital.
Ainda não estão prontas as perícias feitas nas pessoas que
morreram, mas a descoberta foi feita no exame de sangue de Zeli Teresinha Silva
dos Anjos, 61 anos, que segue internada no Hospital Nossa Senhora dos
Navegantes, em Torres. Foi ela quem fez o bolo junto da irmã Maida, que
morreu.
Uma terceira irmã, Neuza Denize Silva dos Anjos, também
morreu após ingerir o doce, além de uma filha dela, Tatiana. O filho de
Tatiana, o menino que sobreviveu, tinha o veneno na corrente sanguínea,
conforme exames médicos.
A conclusão não chega a surpreender quem lida com o caso,
porque os sintomas de envenenamento surgiram logo após as pessoas comerem o
bolo. Crises de vômito e diarreia aguda, muitas dores abdominais e enjoos são
característicos de venenos como o arsênico.
Menos de 100 gramas são suficientes para matar uma
pessoa. Esse produto deixa rapidamente a corrente sanguínea para se
depositar nos tecidos e é armazenado no fígado, nos rins, nos pulmões e nos
ossos.
Ainda não se sabe como o arsênico foi parar no bolo. É
preciso muito cuidado antes de afirmar que foi algo premeditado. O produto pode
ter sido confundido com algum outro, na hora do preparo. Policiais civis
realizam buscas na manhã desta sexta-feira (27) para tentar localizar algum
frasco que contenha o veneno detectado no sangue das vítimas.
Zeli perdeu o marido em setembro, também por intoxicação alimentar. Na residência de Zeli, que preparou o bolo, foi encontrado um frasco com inseticida. Resta saber se ele continha arsênico.