Publicado em 31/12/2024 às 10:45

Exames apontam presença de bactéria em torta fria em casos de intoxicação alimentar em Pelotas

Exames apontam presença de bactéria em torta fria em casos de intoxicação alimentar em Pelotas
Foto: Arquivo Pessoal

Foram divulgados na tarde de ontem (30) os primeiros resultados dos exames relativos aos casos de intoxicação alimentar registrados em Pelotas, no sul do Estado, após o consumo de tortas frias de frango no Natal.

De acordo com o laudo do Laboratório Central do Rio Grande do Sul, divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), foi detectada a presença da bactéria estafilococos coagulase positiva no alimento.

As cepas isoladas da amostra e uma porção do alimento vão ser encaminhadas agora ao Laboratório de Enterotoxinas da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais.

Serão verificados o potencial enterotoxigênico (no trato gastrointestinal) e a presença de enterotoxinas estafilocócicas – um grupo de toxinas produzidas por bactérias, que, em quantidades elevadas, produzem os sintomas de vômitos e diarreia após a ingestão do alimento, causando a intoxicação alimentar.

— Quando se detectam alguns tipos de microrganismos em alimentos que não deveriam estar lá, e ainda que conseguem se multiplicar em quantidades para causar uma toxinfecção alimentar, representa que houve falhas no processamento — explica Marcelo Vallandro, diretor adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à SES.

No caso de estafilococos coagulase positiva, o microrganismo normalmente vem de falhas na manipulação dos alimentos — por meio de lesões do manipulador, superfícies contaminadas ou, ainda, matérias-primas contaminadas.

— Por isso, a Vigilância sempre reforça que alimentos devem ter procedência comprovada, serem manipulados com boas práticas de manipulação e serem devidamente armazenados e servidos, para evitar problemas — ressalta.

Biomédico, microbiologista e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Vlademir Cantarelli explica que os estafilococos coagulase positiva são causadores muito comuns de casos de vômitos e diarreia. Segundo o professor, somente com um resultado positivo para enterotoxinas se comprovaria que a intoxicação alimentar foi causada pela torta fria.

— Precisam comprovar se esta bactéria, isolada dos alimentos, realmente produz enterotoxinas. Isso fecharia o caso. Sem este laudo final da Funed, pode-se apenas suspeitar de que a causa seja uma contaminação prévia do alimento por estafilococo — afirma.

Outro produtor de enterotoxinas muito comum e de origem ambiental, o Bacillus cereus encontrava-se em quantidade tolerável, indicando que não foi o culpado, avalia o microbiologista.

— Já o estafilococo geralmente é de origem humana, então, se estava no alimento, houve quebra das boas práticas — explica.

Intoxicação alimentar já acomete 92 pessoas

O número de pessoas com intoxicação alimentar em Pelotas após o Natal subiu para 92 nesta segunda-feira. Foram relatados sintomas como febre, náusea, vômito, diarreia e dor abdominal após comer o alimento produzido pela Circulu’s Lanches, tradicional lancheria da cidade.

Alimentos como maionese, palmito e azeitona foram recolhidos. Também foram coletados materiais biológicos das pessoas que ingeriram o alimento e passaram mal. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen), em Porto Alegre, para identificar o agente etiológico e o alimento causador do problema.

A lancheria informou em nota que recebeu inspeção da Vigilância Sanitária e que não foram identificadas irregularidades, possibilitando, assim, a continuidade das atividades do estabelecimento. Contudo, assegura que está "conduzindo testes internos" relacionados ao caso. A empresa estima que terá novidades sobre esses testes na próxima semana.


Fonte: GZH

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