Publicado em 20/05/2024 às 15:23

Livro do tronco italiano Minetto

Apresenta-se hoje um mínimo resumo do grande livro escrito pela professora hoje aposentada Ignêz Minetto Rubert Luft que, nos inícios dos escritos, teve ajudas  do esposo Afonso Ermindo Luft, em memória, em cujo livro retrata, de maneira ampla, detalhada e profunda, a família de Minetto Detto Filippon e dos troncos dele – Olivo, Pietro e Natale – e de seus descendentes, moradores em várias partes do Rio Grande do Sul, inclusive em Santo Ângelo, e nalguns municípios mais da região da Diocese de Santo Ângelo, como também em mais alguns estados do Brasil. 

Os Minetto vindos de Gênova, Itália, instalaram-se em Barracão Val de Buia, na Quarta Colônia, hoje Silveira Martins, em 1878. Ali estavam instalados outros emigrantes, como russos, poloneses e germânicos, mas, devido a uma grande epidemia, abandonaram o local e foram a outros lugares, inclusive alguns para Guarani das Missões e vizinhanças, deste e doutro lado do rio Comandaí, até onde deságua no rio Uruguai, abaixo de Porto Lucena. Lugares dos Minetto na Quarta Colônia: Geringonça, hoje Nova Treviso (Faxinal do Soturno), São João Polêsine, Vale Vêneto, Três Vendas (Arroio do Tigre) e depois em Santo Ângelo, no tempo do intendente Bráulio de Oliveira, primeiras décadas de 1900.  Há muitos fatos detalhados no livro, entre os quais, ainda na Itália, sobre a pobre e precária habitação, alimentação, água, vestuário, instrução, gravidez e nascimento. Ficam para outra ocasião. Hoje aqui está nas palavras da Ignêz um pouco sobre a viagem dos Minetto da Itália para o Brasil.

“Os nomes eram anotados num livro de passageiros. Preenchidas as formalidades, um marinheiro conduzia os emigrantes até o camarote. Os parentes e amigos procuravam ficar perto um do outro. Todos conduzidos ao porão do navio, terceira classe, sem ventilação, com animais transportados vivos, abatidos na medida das necessidades, porque na época não existiam geladeiras para estocar alimentos – carnes de bois, ovelhas, porcos, galinhas, etc. Os emigrantes da terceira classe ficavam perto da cozinha, lavanderia e matadouro. Num ambiente de constante mau cheiro, falta de higiene, com presença de ratos, baratas e piolhos, sem ventilação alguma, a superlotação ali presente se tornava um perigo constante de doenças e mortes na travessia do mar. No cais, um grupo de pessoas acenava lenços brancos a seus parentes e amigos que partiam. Muitos gritos de adeus, desejos de que Deus os acompanhasse, muitos choros e lágrimas.”

Esses e outros dados chocantes e dolorosos parecem inverossímeis, mas eram realidades nuas e cruas. Encontram-se na página 98 do livro. O livro inteiro, com 440 páginas, merece leitura de todos, não só dos descendentes da família Minetto Detto Filippon, o ancestral.



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