O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que
altera as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e reformula o Novo
Ensino Médio. A lei 14.945 foi publicada no Diário Oficial da União desta
quinta-feira (1º).
O texto havia sido aprovado na Câmara de Deputados no
início de julho, após passar pelo Senado e sofrer modificações. O projeto
inicial para a reformulação do Novo Ensino Médio foi proposto pelo Executivo em
2023.
A versão final teve veto sobre
a exigência de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) avaliasse o conteúdo
dos itinerários formativos. A justificativa foi de que a medida poderia "comprometer
a equivalência das provas" e "afetar as condições de isonomia".
Também foi vetado o trecho com o prazo para a mudança, previsto para 2027.
A proposta estabelecia que o
Enem cobrasse disciplinas tanto da formação geral básica quanto dos itinerários
formativos, em que o aluno pode escolher caminhos.
O espanhol permanece optativa. A Câmara havia derrubado o espanhol como
disciplina obrigatória, como havia definido o Senado. O texto final estabelece
que "os currículos do Ensino Médio poderão ofertar
outras línguas estrangeiras, preferencialmente o espanhol".
Como era e como fica a carga horária de
aulas?
A carga horária total mínima do Ensino Médio regular hoje é de 3 mil
horas (considerando os três anos de estudos) e isso não muda com a
reformulação. Ou seja, os alunos
continuarão no modelo mínimo de cinco horas de aula por dia, com 200 dias
letivos anuais.
O que muda, no entanto, é que o tempo de formação básica (para disciplinas
tradicionais, como Português, Matemática e História) passará de 1,8 mil horas no Ensino Médio atual para
2,4 mil horas no reformulado.
Consequentemente, a carga horária de disciplinas novas, as dos itinerários
formativos, que mesclam temas de interesse do aluno com atualidades e
necessidades do mercado, diminuirá. Ela passará de 1,2 mil horas para 600 horas.
Nos casos em que o Ensino Médio for feito junto com curso técnico, a formação
básica poderá ser menor, com um mínimo de 2,1 mil horas, das quais 300 horas
poderão ser usadas como articulação entre a base curricular do ensino médio e a
formação técnica profissional. Possibilitando, no total, cursos técnicos com
até 1,2 mil horas.
Quais são as disciplinas obrigatórias?
As disciplinas obrigatórias continuarão as mesmas:
Português
Inglês
Artes
Educação física
Matemática
Biologia
Física
Química
Filosofia
Geografia
História
Sociologia
Como funcionarão os itinerários
formativos?
A carga horária para aulas dos itinerários formativos vai diminuir de
1,2 mil para 600 (considerando os três anos), exceto quando há a formação
técnica. Os alunos terão de escolher uma de quatro áreas para aprofundar os
estudos ou formação técnica/profissionalizante:
Linguagens e suas tecnologias
Matemática e suas tecnologias
Ciências da natureza e suas tecnologias
Ciências humanas e sociais aplicadas
Todas as escolas de Ensino Médio serão obrigadas a Oferecer pelo menos
dois itinerários formativos.
E o ensino técnico, quais são as
regras?
A formação profissional poderá ter
de 900 a 1,2 mil horas de curso técnico/profissionalizante, mais 2,1
mil horas de disciplinas obrigatórias, sendo que 300 destas horas podem ser
utilizadas para disciplinas técnicas que dialoguem com as básicas. Assim, serão
mantidas as 3 mil horas totais de carga horária para os três anos de Ensino
Médio.
Hoje, os cursos técnicos já funcionavam com mínimo de 1,8 mil horas de
disciplinas básicas (número de horas mínimo na reformulação, considerando as
300 horas que podem ser compartilhadas) e 1,2 horas de curso técnico.
Quando a nova regra começa a valer? E
em que séries?
Todas as regras começam a valer a partir de 2025, para os alunos da primeira série do Ensino Médio. Em 2026, as regras começam a valer também para a segunda série e, em 2027, para a terceira. Secretários estaduais da Educação vinham reclamando da demora do Legislativo para aprovar as mudanças, uma vez que as definições têm impacto no planejamento do próximo ano letivo.