A reforma ortográfica vigente
conservou o hífen em muitos casos e
tirou-o em muitos. Conservou-o em boa-fé no singular, boas-fés no plural, má-fé
no singular e más-fés no plural. Esses singulares e plurais estão corretos,
gramaticais, escritos na atual ortografia. E deixou-o padronizado de forma geral nos nomes botânicos, como em pau-brasil, e nos nomes zoológicos,
como em bem-te-vi. Antes, porém, do que segue sobre esses quatro casos de
hífen, há uma brincadeira sobre o bem-te-vi dizendo que ele é o pássaro mais
mentiroso que existe, pois diz que me viu e bem me viu quando na verdade nem me
viu.
Boa-fé na acepção jurídica e segundo
o dicionário Houaiss significa “o estado de consciência de quem crê, por erro
ou equívoco, que age com correção e em conformidade com o direito, podendo ser
levado a ter seus interesses prejudicados, configura uma circunstância que a
lei leva em conta para proteger o faltoso das consequências da possível irregularidade
cometida”. E má-fé na acepção jurídica e conforme o mesmo dicionário designa “o
termo usado para caracterizar o que é feito contra a lei, sem justa causa, sem
fundamento legal e com plena consciência disso”. Note que boa-fé forma o plural
boas-fés e que má-fé forma o plural más-fés. Um reforço: ambas as palavras
dessas expressões mantêm o hífen e pluralizam-se – boas-fés, más-fés. E
pau-brasil? Tem dois plurais corretos: paus-brasil e paus-brasis.
Há hífen nas palavras compostas que
designam espécies botânicas e zoológicas? Há. Em todas? Em todas. Emprega-se
hífen, portanto, nas palavras compostas que designam espécies botânicas e
zoológicas. Incluem-se nas espécies botânicas as plantas, flores, frutos,
raízes e sementes, estejam esses casos ligados por preposição, caso que mais
aparece, ou por qualquer outro elemento.
Eis algumas palavras compostas das
espécies botânicas no singular: abóbora-menina, amor-dos-homens, bem-me-quer,
bico-de-papagaio, bola-de-neve (arbusto europeu), buquê-de-noiva,
copo-de-leite, couve-flor, dedo-de-dama (casta de uva), erva-doce,
ervilha-de-cheiro, limão-galego, lágrima-de-moça, língua-de-vaca, pau-brasil,
santa-fé e unha-de-gato. E eis algumas palavras compostas das espécies
zoológicas no singular: bem-te-vi, joão-de-barro, broca-do-café (espécie de
besouro), focinho-de-porco (espécie de peixe), olho-de-boi (espécie de peixe), pastor-alemão
(raça de cão) e são-bernardo (espécie de cão).
Assim, existem no VOLP umas 50
espécies de nomes de abóbora e 97 nomes compostos de pássaros com nome joão.
Plural de joão-de-barro é joões-de-barro e de bem-te-vi é bem-te-vis [bem é
advérbio, não muda, não pluraliza].