Gaúchos e gaúchas estão recordando e
comemorando nesta semana – nos CTGs, acampamentos, piquetes, escolas e noutros
lugares apropriados – alguns fatos históricos acontecidos nos dez anos de lutas
guerreiras havidas nas geografias rio-grandenses entre 1835 e 1845. Fatos
acontecidos provocados no geral pelos desmandos e injustiças vindas do Império,
atingindo, além de outros campos, os econômicos e políticos do povo gaúcho de
então. Algumas virtudes básicas do povo gaúcho de então e de hoje se encontram exaltadas
na letra do Hino Rio-Grandense escrita em 1934 por Francisco Pinto da Fontoura,
militar e poeta, conhecido e chamado na época, mais que depois e agora, como o
Chiquinho da Vovó.
Cabe nesta semana mais que palavras
pessoais a sugestão de leitura de dois livros que contêm centenas de fatos
sobre a Guerra dos Farrapos. Os Varões
Assinalados, de Tabajara Ruas, 573 páginas, e A Guerra dos Farrapos, de Alcy Chueiche, 192 páginas, vêm de dois
grandes e renomados escritores gaúchos. Neles – nos dois livros e autores – os
fatos repassados pela literariedade e
ficção de romance não fogem do real. Neles nada soa falso. Tudo é verossímil.
Todos os dados, lugares e personagens são reais e bem apresentados em todos os
sentidos, inclusive nos visuais. Leitores não querem interromper as leituras. Um
fato puxa o outro e ao outro, uma página puxa outra e à outra. Aqueles que os leram
sabem, além de inúmeros fatos outros, os de como foi o começo, o meio e o fim
da Guerra dos Farrapos. Em termos de sugestão de leitura, ler primeiro Os Varões Assinalados e depois A Guerra dos Farrapos. E vale à pena
tê-los, entre os demais, na própria biblioteca.
No romance de Alcy Cheuche não há
personagens de ficção. Explica-se esse não pelo fio condutor da narrativa que
não necessita alongar-se mais do que o período chamado de Decênio Heroico e
também porque as personagens históricas da Guerra dos Farrapos encontram muitos
esclarecimentos em outros livros de ficção e de poesia. E no romance de Tabajara Ruas há diálogos em
profusão. Nenhum deles encurrala o leitor entre a história e a recriação
ficcional, entre o real e a lenda. Inclusive o duelo entre Onofre e Bento.
Assim, hino e livros nesta Semana
Farroupilha hasteiam a história da Guerra dos Farrapos e também as virtudes das
personagens reais nela envolvidas e por extensão de todos os gaúchos e as gaúchas
hoje vivendo nestas históricas, imortais, honradas e amadas querências
farroupilhas recontando e recantando nestes versos um tanto invertidos e na
forma de prosa, além de tudo mais, que para o povo “ser livre não basta ser
forte, aguerrido e bravo, sem virtudes acaba por ser escravo”.