O pacote do governo do Estado com 35 projetos foi
protocolado ontem (13) na Assembleia Legislativa. Como foram enviadas em regime
de urgência, a intenção do Piratini é garantir a votação das propostas até
o dia 17 de dezembro, quando ocorre a última sessão antes do recesso
parlamentar de final de ano.
Dentre os projetos está o que pretende reajustar o
salário mínimo regional, em percentual de 5,25%. Este valor incide sobre ao
vencimento de categorias que não têm acordos coletivos, trabalhadores informais
e alguns funcionários estaduais, como servidores de escolas. Se aprovado, o
novo índice elevaria o valor da menor das cinco faixas do piso de R$
1.573,89 para R$ 1.656,51.
Além disso, o governador Eduardo Leite prevê o
reajuste em 12,49% do subsídio dos procuradores do Estado. A correção seria
dividida em três parcelas, e o Piratini calcula um impacto nas contas estimado
em R$ 40 milhões para os próximos três anos.
Segundo o Estado, os advogados públicos não terão aumento
no contracheque, já que o aumento do subsídio seria compensado pela redução no
valor ganho com honorários de sucumbência, pagos pela parte derrotada
quando o Estado vence processos judiciais.
Outra proposta inclusa no pacote é a que proíbe a
instalação de tomadas no interior de celas ou em dependências em que
detentos em custódia temporária estejam sendo mantidos. A restrição se
aplicaria também para áreas adjacentes, corredores e pátios de visitação. A
finalidade da medida é coibir o uso de celulares por criminosos, pois
inviabilizaria o carregamento dos aparelhos dentro das unidades prisionais.
O que está no pacote
Resumo das medidas apresentadas pelo governador
que começarão a tramitar na Assembleia:
Reestruturação da Agergs
Ampliação da estrutura da agência reguladora responsável
por fiscalizar serviços concedidos à iniciativa privada, como energia elétrica,
saneamento básico e rodovias. Governo mandou projeto sobre o tema em julho, que
acabou retirado. Na época, texto sofreu críticas por delegar a prestação
de atividades jurídicas à Procuradoria-Geral do Estado, o que permanece no
novo projeto.
Piso regional
Reajuste de 5,25% nas cinco faixas do salário mínimo
regional do Rio Grande do Sul. Hoje, o valor da menor faixa é de R$
1.573,89 e o da maior, R$ 1.994,56. Beneficia profissionais que não têm acordo
coletivo e trabalhadores informais, mas serve de base para negociações de
outras categorias. O índice oferecido corresponde à inflação acumulada entre
fevereiro de 2023 e maio de 2024.
Reajuste a procuradores
Correção de 12,49% nos subsídios dos procuradores do
Estado. Elevação seria dividida em três parcelas, em janeiro de 2025, outubro
de 2025 e outubro de 2026, com impacto estimado em R$ 40 milhões até 2027.
Governo pondera que, com o crescimento no subsídio, será
reduzido o montante pago a título de honorários de sucumbência. Procuradores
não teriam ganho remuneratório imediato, mas teriam maior base de contribuição
para a aposentadoria.
Tomadas em presídios
Projeto veda instalação de tomadas e pontos de energia no
interior de celas ou locais onde sejam mantidos presos temporários. Proibição
inclui áreas adjacentes, corredores e pátios de visitação. Governo almeja
impedir uso de celulares e quebrar a cadeia de comando das facções criminosas.
Policiais aposentados
Aumenta para 10 anos o prazo de prestação de serviços dos
policiais civis aposentados. Atualmente o tempo máximo é de três anos,
prorrogáveis por mais três.
Defesa Civil
Institui a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Projeto está em linha com o sistema de Defesa Civil do governo federal e com
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na prevenção de desastres.
Doações
Isenta até 31 de dezembro o imposto sobre heranças e
doações (ITCD) em benefício às pessoas atingidas pela enchente de maio.
Isenção de imposto
Amplia a isenção do imposto sobre heranças e doações (ITCD)
a agricultores familiares, com o objetivo de reduzir custos de transação dos
imóveis rurais e incentivar permanência no campo.
Participação em estatais
Projetos ampliam participação do governo no capital social
da Ceasa e do Badesul. Previsão é de aporte de R$ 100 milhões ao Badesul, para
alavancar operações de crédito, e de R$ 11,2 milhões na Ceasa, para ajudar na
recuperação dos danos da enchente.
LRF
Muda trecho da Lei de Responsabilidade Fiscal estadual
sobre desonerações fiscais no período prévio a eleições. Norma atual proíbe
concessão ou ampliação de incentivos nos últimos oito meses de mandato, e
projeto estipula exceção em caso de convênios do Confaz, órgão que reúne
membros de todos os Estados.
Operações de crédito
Autorizações para contratação de um financiamento de R$ 2,1
bilhões para o pagamento de precatórios e outro de US$ 360 milhões para
programa de que visa apoiar a resiliência social, ambiental e fiscal do Rio
Grande do Sul. Outro projeto autoriza a mudança no orçamento para viabilizar a
contratação de operação de crédito para um programa de melhoria na gestão, já
aprovado na Assembleia.
Imóveis e rodovias
Textos autorizam doações de terrenos para implantação de
distrito industrial em Bagé e de centro de tecnologia em Montenegro. Uma
terceira área, em Guaíba, será repassada à empresa Aeromot S/A para a
instalação de complexo industrial aeronáutico em Guaíba. Outros projetos
autorizam a transferência de 10 trechos de rodovias estaduais a municípios.
Fundo do MP
Muda lei sobre o Fundo para Reconstituição de Bens Lesados,
que é abastecido por indenizações decorrentes de condenações ou acordos
judiciais por problemas causados ao meio ambiente, ao consumidor e outros
interesses coletivos. Projeto inclui novas fontes de receita e prevê que 20% do
que for arrecadado será aplicado em modernização e aparelhamento do Ministério
Público.
Ajustes legais
Em outros textos, governo visa formalizar a suspensão
do pagamento da dívida com a União por 36 meses em razão da enchente, alterar a
legislação sobre a Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual e
prorrogar contratos emergenciais na Junta Comercial e na Fundação Proteção.