A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados colocou na pauta desta terça-feira, 18, a proposta de emenda à
Constituição (PEC) do Aborto, que pode acabar com as possibilidades de aborto
legal no Brasil.
A pauta é uma das
principais bandeiras promovidas pela presidente do colegiado, Caroline de Toni
(PL-SC), que deseja aprovar o texto antes de encerrar seu mandato, no final
deste ano.
A PEC, protocolada em 2012 e de autoria do então deputado
federal Eduardo Cunha (Republicanos-RJ), cassado em 2016, garante a
inviolabilidade do direito à vida 'desde a concepção'. 'A vida não se inicia
com o nascimento e sim com a concepção', justificou Cunha à época.
Na prática, se esse texto for aprovado pelo Congresso
Nacional, serão abolidas as autorizações, hoje previstas em lei, para a
interrupção da gestação. Atualmente, o aborto pode ser realizado se houver
risco à vida da mulher, se o feto tiver anencefalia (mal desenvolvimento do
cérebro) ou se a mulher for vítima de estupro. A relatora é a deputada Chris
Tonietto (PL-RJ), uma das maiores ativistas antiaborto do Legislativo federal.
'Existe um ódio à criança. Eles estão querendo aniquilar o futuro da nação e os
nascimentos', argumentou Tonietto, na última quarta-feira, 13, após ler o
relatório.
Os recursos para o governo - contrário à proposição -
impedir a votação são escassos no momento. Deputados do grupo pediram vista
(mais tempo para análise) do projeto, e o prazo se encerra na terça-feira.
O aborto já tinha entrado na pauta do Legislativo federal
neste ano, quando bolsonaristas promoveram um projeto de lei que equiparava o
aborto feito após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, estabelecendo
penas de seis a 20 anos de prisão para a mulher que realizasse tal
procedimento. A Câmara acelerou a tramitação desse texto no plenário em uma
votação que durou cinco segundos.
Após fortes críticas de movimentos populares e de organizações da sociedade civil, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu, em junho, criar uma comissão representativa para discutir o projeto e afirmou que essa proposição ficaria para o segundo semestre do ano. Até então, essa comissão não teve nenhum avanço.