O Ministério Público do Paraná denunciou, ontem (18), o
motorista e o dono do caminhão envolvido no acidente com a van da equipe
de remo de Pelotas, que deixou nove mortos em 20 de outubro. Ambos
são acusados de homicídio culposo.
Conforme a denúncia, Nicollas Otilio de Lima Pinto, 39
anos, dirigiu de forma "imprudente, evidenciada pelo excesso de
velocidade; imperita, consistente na falta de habilidade técnica e
desconhecimento tanto da via quanto do veículo que conduzia; e negligente,
consistente em deixar de verificar as boas condições e funcionamento dos freios
do veículo".
No caso do dono, Heloide Longaray, a acusação afirma que
ele “deixou de garantir a manutenção eficiente do sistema de freios de serviço
do semirreboque, cuja perícia apontou que se encontrava parcialmente
operacional e em condições precárias de conservação e manutenção
pré-acidente".
Agora, cabe à Justiça do Paraná decidir se aceita ou não a
denúncia para dar prosseguimento ao processo.
A investigação apontou que o acidente foi provocado
por problemas mecânicos no caminhão. Conforme revelou reportagem do programa Fantástico,
da TV Globo, apenas um dos 10 freios da carreta funcionava
plenamente. Quatro estavam desgastados e cinco não operavam.
Em depoimento, Nicollas relatou que ficou sem freio e
tentou usar o freio motor, que também não funcionou e apagou o caminhão.
No acidente, morreram sete adolescentes e o
coordenador técnico do projeto Remar para o Futuro, equipe de remo
de Pelotas. O motorista da van que transportava o grupo também
morreu.
No local, que é uma região repleta de curvas na BR-376, em
Guaratuba, Paraná, o limite de velocidade é de 60 km/h. Conforme apurações
preliminares da polícia, na hora da colisão, sob chuva e neblina, o
caminhão passava dos 100 km/h.
Depois do acidente, Nicollas passou no teste do bafômetro e
se disponibilizou a fazer um exame toxicológico.
Contraponto
O advogado de Nicollas, Richard Noguera, afirma que só vai
se manifestar sobre a denúncia após a citação. Ao longo do inquérito, a defesa
sustentava que não concordava com o indiciamento.
A defesa do dono do caminhão ainda não foi localizada.