As obras de recuperação da pista do Aeroporto
Salgado Filho, em Porto Alegre, entraram na reta final, a três
semanas da reabertura completa do terminal. O aeroporto funciona de forma
limitada desde 21 de outubro, operando apenas com voos domésticos. A partir
de 16 de dezembro, o local poderá receber voos internacionais.
A etapa mais recente das obras é a colocação da última
camada de asfalto na pista. Logo após, serão executadas a sinalização
horizontal, o balizamento luminoso, a instalação dos instrumentos de
navegação e a homologação da pista.
"Após isso, continuaremos com os acabamentos finais e
manutenções rotineiras, sem gerar impactos nas chegadas e partidas dos
voos", diz Cássio Gonçalves, diretor de Infraestrutura e Manutenção da
Fraport Brasil, administradora do terminal.
O primeiro voo internacional previsto após a retomada deve
chegar no dia 19 de dezembro na capital, com origem na Cidade do Panamá. A
rota, da companhia Copa Airlines, terá a frequência de três vezes por semana.
Para janeiro, a Latam confirmou a operação dos voos entre Porto Alegre e as
cidades de Lima (Peru) e Santiago (Chile).
O Salgado Filho ficou cerca de cinco meses fechado em
razão do desastre climático no Rio Grande do Sul. Inicialmente, no dia 3
de maio, o terminal fechou por causa da chuva. Depois, o aeroporto foi
inundado com as cheias dos rios da Região Metropolitana, afetando 75% da
pista.
Nesse meio tempo, entre maio e setembro, a Base Áerea
de Canoas recebeu voos comerciais de forma provisória, mas em
quantidade inferior à usual no Salgado Filho.
Retomada de voos nacionais
A reabertura do Salgado Filho para voos nacionais já elevou
a movimentação no terminal. Entre 21 de outubro e 13 de novembro, foram 363
mil passageiros transportados em 2.390 voos.
"Hoje, por questões ainda de obra, nós só temos 14
horas de operação. Nós não temos operação noturna. Mas se nós pegarmos essas 14
horas e comparar com as 24 horas de antes, a gente tem a operação bastante
parecida com o que a gente tinha antes da enchente", afirma Fabricio
Cardoso, diretor de Operações do terminal.
O aumento de passageiros multiplicou a oferta das empresas
de transporte para regiões turísticas do estado. Tem visitante que agenda antes
de chegar a Porto Alegre, enquanto outros negociam na hora. O guia de turismo
Paulo Daitx atende pessoas que viajam até Gramado, na Serra – a
região aposta nas festas de final de ano para a retomada econômica do setor.
"A cidade, 100% cento turismo, mais de 300
restaurantes, mais de 150 hoteis e mais de 30 parques. Tudo vazio [após as
enchentes]. Hoje nós estamos caminhando para o rumo certo", diz.
O cooperativista Alex Henrique Molan e a esposa, Naila,
desembarcaram na capital a fim de seguir até a cidade serrana, para comemorar o
aniversário de casamento. A viagem, que havia sido planejada em janeiro, tinha
virado uma incerteza por causa da enchente.
"A gente ficou muito preocupado. Como que seria, se a
gente conseguiria vir ou não. E aí, chegando no aeroporto, a gente viu que está
funcionando tudo bem", fala.
A enchente de maio no RS deixou 183 pessoas mortas e 27
desaparecidas.