A barbárie
representada pelo 8 de janeiro em Brasília ganha mais um capítulo. Os crimes
contra o Estado Democrático de Direito serão julgados pelo STF, e julgar
significa retomar o caminho do processo civilizatório, assegurando aos acusados
ampla defesa e contraditório.
O
procurador-geral da República, após apuração realizada pela Polícia Federal,
com base em sua independência funcional, entendeu haver indícios suficientes de
autoria e prova da materialidade de diversos crimes. Por isso, ofereceu
denúncia contra políticos, militares e autoridades.
Os
acusados, por intermédio de suas defesas técnicas, certamente apontarão
nulidades e provas ilícitas, como parte da defesa processual. No mérito,
alegarão que os crimes não ocorreram, que não há prova da autoria delitiva ou
que as provas não são suficientes para a condenação.
Os acusados
serão interrogados e poderão exercer o direito à autodefesa, inclusive fazendo
uso do direito ao silêncio. Posteriormente, os julgadores, de forma colegiada,
decidirão o caso penal.
É
importante registrar que, além da gravidade do episódio, que, segundo a
denúncia, buscava romper o regime democrático, e do enredo político, o
julgamento exige serenidade.
Se os
ministros entenderem provado que os fatos ocorreram conforme a denúncia e que o
acusado, individualmente, foi autor ou partícipe de um ou mais crimes,
certamente prolatarão um veredicto condenatório.
Por outro
lado, se não restar provado a existência do fato ou que o acusado não concorreu
para a prática da infração penal, teremos um juízo absolutório, que poderá ser
fundamentado pelo princípio in dubio pro reo.
No caso de
condenação, os juízes aplicarão a pena, levando em consideração o grau de
culpabilidade de cada acusado, verificando a existência de agravantes,
atenuantes, causas de aumento e diminuição, e o regime de cumprimento da pena,
inclusive a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade.
O
julgamento é um dos mais relevantes da história, não apenas pelos personagens
envolvidos, mas, acima de tudo, porque trata de uma violenta tentativa de
abolição da democracia, cuja vítima é o povo brasileiro.