Ao longo das últimas quatro semanas epidemiológicas (de
domingo a sábado), o Rio Grande do Sul registrou 2.493 casos de dengue. O
número supera o total de pacientes confirmados com a doença durante todas as
semanas epidemiológicas do inverno de 2023, que foi de 2.194. E ainda faltam 10
semanas para o fim da estação.
Cenário atípico
Por conta das baixas
temperaturas, o inverno é o período em que os casos de dengue diminuem. Isso
porque os ovos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, precisam de
uma temperatura mais elevada para eclodirem. A situação alarmante, que já vinha
sendo registrada em 2024, somada a eventos climáticos, como a enchente de maio,
que foi seguida por dias quentes, favoreceu o cenário para que a dengue ainda
esteja bem presente nesse período.
— O que a gente sempre teve de
padrão aqui no RS foi que o inverno, sendo muito rigoroso, diminuía muito a
população de mosquitos e acabava com os casos. Mas tivemos a ocorrência da
enchente e dias de muito calor, depois de toda aquela água. Isso, certamente, favoreceu
para a doença ficar mais tempo circulando. Precisamos ter um número de dias com
muito frio para morrerem os mosquitos — explica a médica infectologista
Caroline Deutschendorf, chefe da Coordenadoria de Controle de Infecção do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O dia que marca o
início do inverno, 21 de junho, tende a estar dentro da 25ª semana
epidemiológica, sistema utilizado para monitorar a dengue e outras doenças.
Nesse período, em 2023, foram confirmados 467 casos da doença, o maior até
então registrado para a 25ª semana epidemiológica no RS. Em
2024, esse número mais do que triplicou e saltou
para 1.470 novos pacientes com dengue.
Com o avançar do inverno e a diminuição das
temperaturas, o número de casos até tem caído, mas não acabou. Da 25ª para a
26ª semana epidemiológica, a quantidade de novos pacientes com a doença caiu
quase pela metade, saindo de 1.470 para 778. Essa queda, paralela à presença
contínua da doença, é perceptível nos hospitais.
— O que a gente tem visto é que não sumiram os
casos, mas agora, com o frio que se manteve por mais tempo, eles diminuíram.
Ainda assim, diferente de outros
anos, temos tido uma frequência de casos que não acontecia — informa Caroline.
Conforme a infectologista, a doença é registrada em
pacientes de diferentes faixas etárias, de crianças a idosos. Por isso, ela
recomenda que todos fiquem atentos
ao calendário de vacinação contra a dengue e se imunizem assim que a vacina for
liberada.