O enfrentamento da criminalidade
é um dos problemas mais complexos do Brasil. Não é, porém, apenas um problema do
sistema de segurança pública, que foi estabelecido para o controle de
escravizados, negros libertos e pessoas periféricas, revelando a história que
nunca mais houve mudança, sempre os grilhões em torno dos empobrecidos.
Comecemos
a análise: polícias.
É
preciso um policiamento ostensivo eficiente à prevenção de crimes. Talvez o
melhor modelo seja o policiamento comunitário, menos “faca na caveira” que às
vezes elege o subcidadão como um inimigo bélico. O policial militar deve conhecer
e interpretar as relações sociais da sua área de atuação.
As
investigações, e aqui também se anote a necessidade de uma perícia científica
independente e qualificada, cada vez mais deparam-se com novos modus
operandis, sofisticados, exigindo novas técnicas investigativas para a
efetiva responsabilização penal.
A
polícia penal possui o grande desafio na segurança pública: o preso deve ser concebido
como merecedor de uma nova oportunidade, sob pena de seguir sua vida no cárcere
absolutamente dependente das facções criminosas, com saldos a pagar na
liberdade – e isso é um fator criminógeno preocupante.
As guardas municipais têm aparecido na prevenção
e repressão ao crime, embora com finalidade específica. Deve existir,
entretanto, controle externo para evitar o surgimento de milícias e coronéis
locais.
Por
falar em controle das polícias, o modelo atual carece de reconfiguração, é
preciso democratizá-lo, órgãos externos, representando a diversidade a
população, devem participar do normal escrutínio sobre o serviço público, buscando
a prevenção de abusos e a cobrança de resultados.
A
derrota do crime, que é a redução das taxas de criminalidade, passa ainda pelo
redirecionamento do olhar social aos meninos fungíveis, jovens que são presos e
tombam na guerra do tráfico e, imediatamente, são susbtituídos por outros
meninos, num ciclo perverso e infinito de recursos humanos aos grupos
criminosos.
É
o vatícinio de Darcy Ribeiro, sem investimento em educação pública, faltará
dinheiro para presídios. O aluno, registre-se, custa menos que o preso, com
bons frutos a longo prazo.
A
velha receita de repressão, por si só, não tem alcançado bons resultados, basta
sentir o medo difuso que paira no ar, algo confirmado pelas grades, muros e
fuzis em cidades interioranas.