Publicado em 27/06/2024 às 15:07

Golpes na América Latina

O Exército da Bolívia foi derrotado em todas as guerras. Diante da incapacidade de enfrentar inimigos externos, especializou-se em golpes contra o próprio povo, e já foram tantos os regimes de exceção instalados pelas forças militares bolivianas.

A América Latina, por sinal, foi permeada por golpes militares que espalharam violência, atraso econômico e subordinação internacional durante a segunda metade do Séc. XX.

A história repete-se mais uma vez, agora como farsa: interesses estrangeiros provavelmente guiaram o general-fantoche até a sede presidencial em tentativa de desestabilização do país andino.

E tudo isso ocorreu após a Bolívia ter fechado acordo com consórcio chinês para exploração das suas reservas lítio, minério necessário para a produção de baterias elétricas.

Democracia, soberania e liberdade são temas importantes para os EUA, desde que não interfiram na geopolítica econômica que os coloca historicamente na posição de dominante global.

Quando contrariados, os estadunidenses possuem uma fórmula pronta: bombas ou golpes. No último caso, ou eles promovem convulsões sociais, colocando o povo em violenta polarização, ou encontram um generaleco que outrora jurou amor à pátria para promover a “restauração da ordem”.

O criminoso Zuniga, que talvez já não possa ser chamado de general, fracassou e, portanto, deve ser responsabilizado por crimes contra a democracia.

O rotundo malogro golpista foi evitado pelo povo boliviano, as classes trabalhadoras e indígenas, que são bastante coesas, perceberam os reais objetivos da insurreição, postando-se ao lado do atual presidente.  

Todavia, a novela boliviana recém está nos primeiros capítulos. Com a ascensão da China, houve o surgimento de novas relações político-econômicas e a reconfiguração do mercado global, sempre sujeito ao ardiloso pedágio estadunidense.

O caso da Bolívia serve de alerta também ao Brasil. Desestabilização política na América Latina é sintoma de desagrado aos norte-americanos, e eles estão entre nós, às vezes na política interna, às vezes calçando velhos coturnos.               

                



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