Violência política

A política é a melhor fórmula encontrada em substituição à violência da guerra. Durante o processo civilizatório, a humanidade encontrou no sufrágio universal – votar e ser votado – uma poderosa arma.

É como escreveu certa vez o governador Collares, nas linhas do poema O pão e o voto: “Faz tua revolução / O voto é tua única arma / Põe teu voto na mão.”

O tiro certeiro é o voto na urna.

A discussão política não deve extrapolar o debate, se ofensas que superam a troca de ideias já são graves, ainda mais abominável é a tentativa de eliminação de um candidato, como ocorreu no recente atentado contra Donald Trump.

A violência deslegitima o processo eleitoral nos regimes democráticos. A violência política tão somente representa o recrudescimento da barbárie na sociedade.

Todavia, como nem tudo é perfeito, homicídios contra personalidades políticas não é algo incomum no curso da história. Abraham Lincoln (1865), presidente estadunidense, foi vítima de um ressentido escravocrata sulista.

Trótsky (1940), asilado no México, foi morto por um agente stalinista com um golpe de picareta. Na luta pelos direitos civis, Martin Luther King (1968), Nobel da Paz, escapou de dois atentados,morrendo na terceira emboscada.

Apenas nos EUA, tem-se uma dezena de casos de homicídios consumados ou tentados em tornodo poder presidencial. No Brasil,recente disputa eleitoral foi marcada pela facada contra Bolsonaro.

O tiro de raspão na orelha de Trump, que não o vitimou fatalmente por obra do acaso, oportuniza algumas reflexões sobre o quanto devemos estar vigilantes na democracia.

A verdade é que o campo político não restou imune ao ódio semeado nas relações interpessoais. Ao contrário, tem-se um aumento da intolerância também nos debates políticos, especialmente nas redes (anti)sociais.

A cultura do diálogo em busca do bom senso entre ideias divergentes deve ser algo constante na política. O tiro não é a melhor escolha em certames eleitorais. O calibre mais potente é voto consciente.