O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou que o governo federal tome medidas de "proteção
especial" para impedir o uso de recursos de programa
assistenciais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), em apostas online.
Em setembro, o Banco Central divulgou estudo que mostra
que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com bets, somente
via Pix, em agosto deste ano.
Na decisão da terça-feira (12), o ministro também
estabeleceu que devem ser aplicadas de imediato regras previstas em uma
portaria do governo federal que vedam a publicidade de sites de aposta
voltada a crianças e adolescentes.
Embora a portaria que regulamenta a publicidade voltada a
crianças e adolescentes tenha entrado em vigor em julho, a norma define que as
regras de fiscalização, de monitoramento e de sanção pelo descumprimento seriam
implementados a partir de 1º de janeiro de 2025.
As medidas cautelares decididas têm efeito imediato, mas
ainda terão de ser analisadas pelo conjunto de ministros do STF.
A liminar de Fux foi deferida no âmbito de ações da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do partido
Solidariedade e da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Lei das Bets,
que regulamenta a atividade no país.
"Verifica-se que o atual cenário de evidente proteção
insuficiente, com efeitos imediatos deletérios, sobretudo em crianças,
adolescentes e nos orçamentos familiares de beneficiários de programas
assistenciais, configura manifesto periculum in mora", afirmou
o ministro na decisão, publicada na manhã desta quarta-feira (13).
"Periculum in mora" é um jargão jurídico que significa
"perigo na demora".
Nos últimos dias, o Supremo realizou audiências públicas para ouvir
especialistas sobre o tema.
Na terça-feira (12), Fux disse que a regulamentação é condição para a
manutenção das apostas online, legalizadas no Brasil em 2018.