sábado, 27 de julho de 2024
Publicado em 27/10/2021 às 16:00

Madeira Perfumada

Onde mora João Maria? Na inquietude do solar dos Lindoso! Ali entre as montanhas gigantes da destronada vila do Bebedouro silencioso, aquém do acolá, proferiu o oculto confabulante, manquitolando as palavras proferidas ardidamente, em tom de menosprezo, ironia não fosse, a iludir os sonhos minúsculos, ensarilhados de picumãs a cobrir os sonhos da face da alma, emendou o invisível, com voz estonteante, como se proferidas dalguma caverna, bem no côncavo da tarde, caindo na rigidez amedrontadora da certeza do breu vindouro!

O confabulante sabia de João Maria, das cavernas, do assustador do breu, sabia das lágrimas do rio cantante, do choro do Biguá, das serpentes entranhadas na vila do Bebedouro Silencioso, que poucas não eram e da letalidade do “colírio” dessas peçonhentas, suas velhas conhecidas. Intrigava, o fato do confabulante manter-se arredio, desmedidamente esquivo, entrincheirado nas colunas da própria lacuna, ora cá, depois, mais adiante, seguia desfigurado da própria figura, prenúncios de ansiedade, agia de forma adrede, por vezes, permitia antever maquiavelice (sem demérito a Maquiavel), em passos de sinuosidade.

Na inquietude do solar dos Lindoso, entre dois rios, um mais encorpado, de águas ligeiras, parcialmente flutuável, entrecortado de belas cachoeiras, ornado de lindos cílios, pousada duma diversificadas espécies de aves, por vezes, esconderijo de descorteses socais, mas saleiro de parceiros milongueiros, convidativo aos banhos, ainda que águas levemente turvas, porém, com vasto potencial pesqueiro, o outro, de menor porte e importância, porém, com sinuosidades atraentes e águas mais cristalinas, a elas m impostas duram penas, que cumprem silentemente.

E João Maria, está no Solar dos Lindoso? Há de estar… dito a contragosto e com voz irritadiça de quem carrega tosse seca! Contudo disse, não lhe sou patrão, nem deve-me satisfação, nas moegas da vida, cada qual cumpre seus mandados, faz suas bruacas, trilha por onde quer! Silenciou… nos entrecortes e solavancos, por vezes, ouvia-se algum estalo de passos, nos assombros da noite ou nas horas da sesta, sem contudo, ver-se a fuça, senão, na ânsia de obter noticiosos de João Maria, do qual tudo dizia saber, sem contudo, nada saber, pretendia sim, por subterfúgios, adocicando, apropriar-se de verdades.

Ladeira abaixo, corredeira acima, contornos de montanha, ribanceiras em sorrisos, blasfêmias em flor, córregos insultantes, lodaçais corrompidos, ventos em tropelias, armadilhas despudoradas, infâmias destruidoras, de João Maria, tudo, de João Maria, nada! Do Solar dos Lindoso, outros nunca souberam, nem mesmo descaído, sequer, soterrado sob cinzas, embora o alarido. Da velha escolinha, palanques carcomidos dos alambrados, num arrabalde desflorido, quiçá, notícias. No entreposto, uma madeira perfumada com frestas, por elas, o confabulante fora visto escrevendo seu conteúdo… lê-lo?!? Leia-o, leia-se, lê-lo ei!



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