“Saindo do vermelho” depois de uma sequência de estiagens e
quebras, a safra gaúcha de verão se encaminha para números de retomada. Pelo
menos na soja, principal cultivo da estação no Rio Grande do Sul, a expectativa
é colocar a próxima safra no topo das colheitas
históricas do grão. As projeções foram divulgadas pela Emater
na manhã desta terça-feira (5), na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque.
Conforme
os dados, a safra deve somar 35
milhões de toneladas no Estado, alta de 44,5% em relação
ao ano passado. O destaque
entre os grãos é a soja, que deve resultar em 22,2 milhões de
toneladas colhidas e uma recuperação
de 71% sobre o último ciclo.
A
melhora é uma resposta do clima, embora o excesso
de chuva tenha
atrasado o plantio e o início do desenvolvimento das lavouras em muitas regiões
produtoras.
— São
números muito bons que colocam a safra 2023/2024 no topo do ranking na linha do
tempo se comparado com safras anteriores — avaliou o diretor-técnico da Emater,
Claudinei Baldissera, ponderando que as lavouras seguem em desenvolvimento e
que os dados podem mudar até a colheita.
Em termos de área, no entanto, o avanço da soja é pequeno
nesta safra (0,35%), indicando estabilidade na cultura. Para o diretor-técnico
da Emater, o movimento tende a mostrar que o Rio Grande do Sul estaria chegando próximo ao teto da capacidade de
cultivo da oleaginosa, que este ano chega a 6,6 milhões de
hectares:
— A
área de soja, nos últimos anos, tem apresentado avanços que não são tão
importantes como foram no passado. De certa forma, o número fala que o Rio
Grande do Sul está chegando num tamanho de área cultivada próximo da
estabilização, muito próximo do que o Estado tem capacidade de cultivo na cultura
da soja. É claro que varia conforme o mercado, o clima, o comportamento de cada
ano, mas não devemos nos desviar muito do que hoje se apresenta.
Cultura
que teve maior sensibilidade aos efeitos do clima, principalmente porque
algumas lavouras precisaram ser replantadas devido ao excesso de chuva, o milho traz projeções mais tímidas em
relação ao que se previa nas primeiras estimativas. Ainda assim, são bons
avanços sobre o ano passado, que foi de quebra. A alta esperada no ciclo
2023/2024 é de 31% em produção, para 5 milhões de toneladas. No milho silagem,
importante para a alimentação dos animais, a safra deve ser 37,3% superior, em
12,3 milhões de toneladas.
No
arroz, cultura que teve expansão de 7,1% em área nesta temporada, a projeção
aponta para uma colheita 3,51% maior sobre a última safra. As lavouras devem
resultar em 7,9 milhões de toneladas colhidas do cereal nas regiões produtoras.
Os
números apresentados foram
recebidos com entusiasmo pelo setor agropecuário. Presidente da
Emater, Mara Helena Saalfeld destacou que o levantamento é feito por
extensionistas de todas as regiões do Estado, garantindo a abrangência dos
dados que retratam a safra no Rio Grande do Sul.
Ronaldo
Santini, secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, lembrou que 83% das
propriedades no Rio Grande do Sul são ligadas à agricultura familiar,
demonstrando a importância da assistência rural para o desenvolvimento delas.
O secretário da Agricultura do RS, Giovani Feltes, celebrou a retomada dos números positivos e o reflexo deles no otimismo dos produtores rurais. Segundo Feltes, as divulgações e a próprio palco da Expodireto são balizadores para traçar como será o ano na agricultura.