A
Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou,ontem (5), mais duas mortes por leptospirose após os temporais e enchentes no Rio Grande do Sul. Com isso, o estado chega a 15 vítimas da doença, transmitida na água suja,
contaminada pela urina de ratos.
As mortes mais recentes
ocorreram nas cidades de Novo Hamburgo, um homem de 51 anos, e Igrejinha,
um homem de 50 anos. Todas as vítimas da doença, até agora, são do sexo
masculino.
A primeira vítima de
leptospirose após as cheias foi Eldo Gross, um homem de 67 anos, morador
de Travesseiro, no Vale do Taquari.
"A leptospira [bactéria]
entra através das mucosas ou pela pele – especialmente a pele danificada,
machucada. Mas também, com o contato prolongado, pode ser até mesmo
[contaminar] através da pele íntegra", explica Fabiano Ramos,
infectologista e diretor-técnico do Hospital São Lucas da PUCRS.
Há outras quatro mortes pela doença que
estão sendo investigadas pela SES. Seis óbitos foram descartados após exames. A
Secretaria da Saúde recebeu 3,6 mil notificações de casos de leptospirose, dos
quais 242 foram confirmados.
Os
exames que confirmam ou não os casos de leptospirose são feitos pelo
Laboratório Central (Lacen) do RS. Os especialistas dispõem de dois
diagnósticos: o de biologia molecular
(RT-PCR), para casos suspeitos nos primeiros sete dias de
sintomas, e o diagnóstico sorológico, que detecta o anticorpo produzido pelo organismo do
paciente após sete dias de sintomas.
Em 29
de abril, um período de chuvas intensas
teve início na Região dos Vales. Nos dias que seguiram, as enchentes e
os transtornos atingiram a Região Metropolitana, Vale do Taquari e Sul do
estado. Ao todo, 172 pessoas morreram e 2,3
milhões foram afetadas no RS.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa causada
pela Leptospira interrogans. Ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à
urina de animais infectados, principalmente roedores.
Em situações de enchentes e
inundações, a urina dos ratos,
presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água
das chuvas ou lama contaminadas pode se infectar.
A bactéria presente na água
penetra o corpo humano pela pele ou mucosa. Bovinos, suínos e cães também podem
adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.
Embora, na maioria das vezes,
a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar
falência de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%.
Como é o
tratamento
O tratamento da doença é feito
com o uso de antibióticos, devendo ser iniciado no momento da suspeita por
parte de um profissional de saúde.
Para os casos leves, o
atendimento é ambulatorial. Por outro lado, nos casos graves, a hospitalização
deve ser imediata para evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada.
Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar
um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco.
O uso do antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer
período da doença, mas a eficácia costuma ser maior na primeira semana do
início dos sintomas.
Como o
desinfeccionar o ambiente
Nos locais que tenham sido
invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente
com água sanitária (hipoclorito
de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20
litros de água.
Outras medidas de prevenção são:
manter os alimentos guardados
em recipientes bem fechados;
manter a cozinha limpa sem
restos de alimentos;
retirar as sobras de alimentos
ou ração de animais domésticos antes do anoitecer;
manter o terreno limpo e
evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais.
As medidas acima ajudam a evitar a presença de roedores. Além disso, a luz solar também ajuda a matar a bactéria que provoca a leptospirose.