Em edição extra do Diário Oficial da União (DOU),
a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com as medidas de
corte de gastos foi enviada ao Congresso Nacional na noite ontem (2) pelo
governo federal.
Dentre as ações propostas, estão alterações no abono
salarial e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Outro ponto é que o texto encaminhado ao Congresso determina que o tema
envolvendo as exceções ao teto remuneratório do funcionalismo público seja
disciplinado em lei complementar. Foi a forma que a equipe econômica encontrou
para ter um controle maior dos chamados supersalários.
Já a parte do Fundeb propõe colocar despesas do ensino em
tempo integral no guarda-chuva do fundo, sugerindo destinar 20% da
complementação da gestão para ações de fomento à criação e à manutenção de
matrículas em tempo integral na educação básica pública.
O dinheiro economizado deve ser usado para bancar o programa Pé-de-Meia,
que fornece uma bolsa para estudantes do ensino médio, que havia ficado de fora
do Orçamento.
A PEC propõe ainda a prorrogação da Desvinculação de
Receitas da União (DRU), autorização para ajuste orçamentário em subsídios e
subvenções e variação de recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal
(FCDF) ao IPCA.
O projeto de lei que inclui mudanças na previdência dos
militares, porém, emperrou.
Ainda não foi fechado o pleito que os militares
fizeram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos pontos em aberto é
sobre as novas regras da Previdência dos integrantes das Forças Armadas.
No último sábado (30), Lula se reuniu com o ministro da
Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, general Tomás Paiva, da
Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, e da Marinha, almirante Marcos
Olsen, para tratar sobre o pacote fiscal.
No encontro, eles disseram ao chefe do Executivo que as
Forças Armadas estão solidárias com o pacote de corte de gastos do governo, mas
argumentaram a favor de um alívio, particularmente, na criação da idade mínima
de 55 anos para a passagem dos militares para a reserva remunerada.
O texto enviado ao Congresso prevê um impacto
econômico de R$ 11,1 bilhões em 2025, R$ 13,4 bilhões em 2026, R$ 16,9 bilhões
em 2027, R$ 20,7 bilhões em 2028, R$ 24,3 bilhões em 2029 e R$ 28,4 bilhões em
2030.
O texto precisa ser aprovado tanto na Câmara dos Deputados
quanto no Senado: dois terços dos votos nas duas casas para virar lei, por se
tratar de Proposta de Emenda à Constituição.
Confira algumas medidas do pacote
Salário mínimo
A mudança na regra de reajuste do salário mínimo, prevista
no pacote de contenção de gastos do governo federal, terá um impacto econômico
de R$ 2,2 bilhões em 2025 e de R$ 9,7 bilhões em 2026.
A proposta manterá a regra de crescimento real do salário mínimo pelo Produto
Interno Bruto (PIB), mas a variação real seguirá os limites do arcabouço
fiscal, com crescimento de, no máximo 2,5% e, no mínimo, 0,6% ao ano acima da
inflação.
Em 2027, a estimativa de impacto é de R$ 14,5 bilhões; de R$ 20,6 bilhões em 2028;
de R$ 27,8 bilhões em 2029; e de R$ 35 bilhões em 2030.
Abono salarial
O
pacote prevê uma mudança nas regras do abono salarial. Hoje, o trabalhador que
recebe até dois salários mínimos tem direito ao benefício. Com a proposta,
haverá fixação da renda para acessar o abono em R$ 2.640, valor que será
corrigido pelo INPC até chegar ao nível de um salário mínimo e meio,
convergindo a esse valor somente em 2035.