Publicado em 19/12/2024 às 14:40

Antes de cruzar o passo

Alma de campo, luzita acesa, voz de cincerro... segue a vida do campo, nos arrabaldes e palácios da cidade, porque a infância constitui o norte dos humanos, seja ela período repleto de primaveras seduzentes, contraponteado de invernias doloridas, porque imagens fixam-se no cérebro, permanecendo por toda existência, as imagens campesinas reluzem com maior nitidez, no horizonte, considerando, a arquitetura urbana verticalizada, inviabilizando parcialmente a visualização dos cenários naturais, tão próprios “lá de fora,” ameno aos olhos.

Céus de pirilampos, cantigas de grilos, esporas polidas... manter a identidade não faz um cidadão ser melhor, e o ofício não distingue o ser, o polido dos sentimentos é que resplandece as características dos ser, os reflexos do sol sobre o polido das esporas, realça as qualidades do polidor, a afinidade dos grilos nas cantigas, é um convite ao aplauso do espectador, céus de pirilampos nem sempre oferecem luzitas acesas, o breu de seus candeeiros, desfalece os sonhos de ausências, prenúncios doloridos, sonhadores desiludidos!

Finais de tarde, madrugadas incertas, campos imensos... os olhos encobertos por uma visão distorcida, desconhece dos finais de tarde alegres, pelas restingas, nem pressente a beleza das auroras, tão lindas, tão mágicas, douradilhas, pois, perdido na imensidão da sua ambição, tudo perde o sentido, apenas antevê o seu futuro, o seu status, o seu poder, perdendo o encanto que há na vida e, deveria haver pela vida, ignora o breu que lançou aos seus semelhantes, mantendo consigo, todavia, vontade ímpar de vencer os finais de tarde, as madrugadas incertas e campos ainda mais imensos.

Pintura de céus, águas encantadas, antes de cruzar o passo... avançando sobre o tempo, ignorando os desatinos, investe aos passos e sobrepassos, com as mãos vazias de verdades, acompanhado de desatinados, segue por caminhos com precipícios, por si, sempre perigosos, ignora a pintura dos céus, arrisca todas as suas moedas, em lodaçal perigoso e sem estribos, esquece as águas encantadas, escorregando pelas pedras do penhasco, em forma de prelúdio, próprios aos banhos de pureza, relaxantes, irreverentes, nelas haveria tempo de reencontrar a beleza da verdade e a razão das razões, antes de cruzar o passo!!



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