O cenário em Santo Ângelo é de muita preocupação. Os fatos se
sucedem e não tem como a população não ficar receosa. A chamada “guerra das
facções” estaria por trás de tudo que está ocorrendo. Particularmente, acredito
que algumas coisas tem outra origem, mas é confortável para os autores imputar
diretamente às facções.
As forças de segurança estão mostrando reação. Operações
integradas entre Polícia Civil e Brigada Militar são realizadas. Prisões são
feitas, e em grande número. Entretanto, o quadro é de difícil combate, por uma
série de fatores. A começar pelo fato de que a exigência agora é reação. O
correto seria uma ação de quem comanda a segurança no Estado, antecipando-se ao
patamar que era muito fácil prever que chegaria.
Essa é uma falha recorrente. As organizações criminosas cresceram
pelo olhar complacente das autoridades. Primeiro, nos grandes centros,
especialmente Rio de Janeiro e São Paulo, moldando ações que seriam seguidas em
outros locais. O poder do controle interno dos presídios foi levado para o
ambiente externo. Organização, mesmo. Expansão das atividades, poder em outros
mercados e, logicamente, corrupção aliada a amedrontamento pela força.
Riscos muito claros
Vários especialistas em segurança pública apontam um erro crucial
cometido no Rio de Janeiro. Comandantes da segurança pública afirmavam
publicamente que o tráfico não preocupava e que o movimento seria como o dos
bicheiros, tendo envolvimento com futebol e carnaval.
Enquanto as autoridades dormiam em berço esplêndido, o tráfico
cresceu, passou a controlar as comunidades, se aliou ou foi absorvido pelos
bicheiro e daí para se transformar em milícia foi um passo muito rápido.
Resultado, uma situação praticamente incontrolável.
Esse é o risco que as tais facções oferecem para o Rio Grande do
Sul, incluindo o antes pacato interior.
Nomes do primeiro escalão sendo definidos
Em meio a muitos comentários e observações, surgem nomes que podem
integrar a futura administração municipal de Santo Ângelo. A lista dos nomes
indicados pelos partidos já está com o prefeito eleito Nívio Braz, conforme
informam.
Nívio já confirmou que a Saúde estará sob o comando do médico
Flávio Christensen, presidente do MDB. Bruno Hesse, ex-vice-prefeito e
presidente do PL, será secretário, porém, ainda não se confirma a pasta. Pode ser
Gestão de Finanças, onde já trabalhou, ou Governo e Relações Institucionais.
Para as demais pastas começam a surgir nomes. Vinícius Makvitz,
eleito vereador pelo MDB, é cotado para assumir a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Turismo e Inovação. Se isso ocorrer, abrirá espaço para que o
enfermeiro André da Silva assuma no Legislativo. André recebeu 722 votos, sendo
decisivo para a conquista de cadeiras pelo MDB.
Ainda tem o indicativo de que o MDB poderia ficar com a Educação.
Entretanto, não tem confirmação disso.
Meio Ambiente em disputa
De outra parte, o atual vereador e que não teve sucesso na busca
pela reeleição, André Pedroso (PP), teria confidenciado a amigos que será o
secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Aí as informações são
desencontradas. Informações de pessoas ligadas ao futuro governo dão conta que
uma mulher, considerada especialista na gestão do setor, será trazida de outro
município para o cargo.
Creio ser difícil que uma pasta de tamanha importância seja
entregue para alguém que não esteja ligado ao partido do prefeito eleito.
Entretanto, pode fazer parte de um acordo prévio.
Eleitos não abrem mão
Outra dificuldade do governo eleito está nos vereadores eleitos.
Os seis vitoriosos do PL e PP não se mostram dispostos a assumir secretarias
para abrir vagas a suplentes. E a posição deles é absolutamente compreensível.
Cinco dos seis são vereadores de primeiro mandato. A exceção é o
reeleito Nêne. Sendo assim, fica mesmo
difícil explicar para o eleitor que votou para que seja vereador e assumir uma
secretaria. Ainda mais se a pasta oferecida não for tão interessante assim do
ponto de vista político.
Articulações para a presidência da Câmara
Os bastidores da política estão efervescentes as articulações para
a presidência da Câmara de Vereadores em 2025. Tratativas daqui e dali mudam o
tom a cada conversa.
Até se chega na maioria dos oito votos necessários para a vitória,
mas no movimento seguinte, a mudança de apenas um envolvido altera o quadro e
maioria torna-se minoria.
Ter certeza de um bloco sólido que garanta a vitória somente
ocorrerá nas proximidades da posse. Ou momentos antes. Como aliás, já
aconteceu.
Justa homenagem ao “mestre Iso”
Neste sábado (26), o mestre e amigo José Grisolia Filho, o “Seu
Iso”, estará sendo homenageado em São Luiz Gonzaga. Com muito merecimento, Isso
receberá a Comenda Anna Olívia do Nascimento, uma das principais honrarias
daquele município.
O reconhecimento será feito em meio a 47ª Feira do Livro de São
Luiz Gonzaga e é entregue pelo Instituto Histórico e Geográfico e o poder
público. Iso é digno de todas as homenagens, pelo profissional e pela pessoa
que é. Aliás, a família Grisolia merece o reconhecimento. José Grisolia, pai do
Iso, fundou o jornal A Notícia, um dos mais antigos do Estado e que circulou
por 90 anos. Por si só, uma obra digna de todo reconhecimento possível.
Perguntar não ofende
A violência será reduzida com as ações da segurança pública?
Só para lembrar
Tem alguém recente eleito que confidenciou nesta semana que não
aguenta mais os telefonemas e mensagens de pessoas pedindo “espaço” a partir de
janeiro. Inclusive, de gente que nos discursos fala muito em acabar com CCs,
mas que está sedento por um. E será preciso muito jogo de cintura, pois não tem
lugar para todo mundo.
Para refletir
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há
ninguém que explique e
ninguém que não entenda”
Cecília Meireles