O arroz que o governo vai
importar para segurar o preço do grão
no Brasil será
vendido ao consumidor por, no máximo, R$ 4 o quilo, informou a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab),
nesta quarta-feira (15).
A Conab é uma estatal do
Ministério da Agricultura que ajuda a gerir políticas agrícolas.
A compra de arroz deve ser feita
de parceiros do Brasil no Mercosul, como Paraguai, Uruguai e Argentina, por
meio de leilões públicos. O primeiro leilão vai adquirir 104 mil toneladas de
arroz, que serão direcionadas para São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Pernambuco, Ceará, Pará e Bahia.
“O arroz que vamos comprar terá
uma embalagem especial do governo federal e vai constar o preço que deve ser
vendido ao consumidor. O preço máximo ao consumidor será de R$ 4 o quilo”,
reforça o presidente da Conab, Edegar Pretto.
A ação faz parte de uma medida
provisória publicada na última sexta-feira (10) que liberou a importação até 1
milhão de toneladas de arroz após as enchentes no Rio Grande
do Sul terem destruído uma parte das lavouras do grão. O estado produz 70% do
cereal consumido no Brasil.
Ainda na sexta, o ministro da Agricultura, Carlos
Fávaro, reforçou que o governo não quer concorrer com os
produtores de arroz do RS e que não há risco de faltar arroz no
Brasil. Ele disse que a medida é para evitar especulação de
preços e recompor os estoques públicos do país.
“A maior parte da safra está
colhida, temos arroz no Brasil, mas também temos gente que se aproveita deste
cenário de tragédia para propagar a desinformação, o pânico nas pessoas”, disse
Fávaro, ao blog da Camila Bomfim.
O primeiro leilão da Conab está marcado para a próxima
terça-feira (21).
O produto deverá ser
descarregado nos portos de Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Itaqui
(MA) e empacotados em embalagem de 2kg.
Abastecimento de arroz
Em entrevista ao g1 na última quinta-feira
(9), o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, disse que
o arroz que já está colhido no Rio Grande do Sul garante o abastecimento do
país por, no mínimo, 10 meses.
"Talvez possa faltar
alguma coisa no final, quando nós já estivermos com uma nova safra em
cena", reforçou.
De acordo com ele, a principal
dificuldade do estado, no momento, é para conseguir transportar o arroz colhido
para outros locais, tendo em vista a interrupção de estradas e rodovias.
Quanto de arroz foi perdido?
Ainda na quinta-feira, a
diretora técnica do Irga Flávia Tomita disse que, com as chuvas, o estado perdeu, até o momento, cerca de 114 mil toneladas de arroz.
Antes da tragédia, a previsão
era de que o estado colhesse, no total, 7,475 milhões de toneladas do grão,
segundo a (Conab).
Mas estimativas do Instituto
Riograndense do Arroz (Irga) preveem que, agora, a colheita deve ser um pouco
menor, em torno de 7,149 milhões de toneladas, considerando os estragos das
enchentes e outros efeitos do El Niño.
As cerca de 114 mil
toneladas de arroz perdidas correspondem a uma área plantada que está há dias
submersa pelas águas: um total de 22,9 mil hectares,
localizados na região Central do estado.
"Esses estão totalmente
perdidos, não tem mais jeito de recuperar", explicou Flávia.
Não entraram na conta, porém,
17,9 mil hectares que estão parcialmente submersos pelas águas. "Dessas
áreas, vão, provavelmente, sair alguma coisa, mas a gente não sabe o quanto.
Nós preferimos tirar da conta porque ainda não termos certeza", destacou
A área de arroz que ainda
falta colher e que não foi atingida por enchentes corresponde a 101,3 mil
hectares.