Publicado em 29/09/2021 às 16:00

Travessa Mauá

Quando eu era aluno da Faculdade de Direito de Passo Fundo, meu pai, Oscar Ernesto Jung, era o locatário do apartamento número 15, do Edifício Sepé Tiaraju, de propriedade do comerciante Jaime Gamerman, na Travessa Mauá. Lugar tranquilo, poucos carros passavam por lá, e todos os vizinhos trocavam cumprimentos. Antes de chegar no Edifício Sepé, Mustafa Mubarak atendia os fregueses da Casa Verde, adiante João Stocker alegrava a criançada com seu bazar repleto de brinquedos. Com a colaboração do Flávio Caliari, lembro de antigos moradores da Travessa Mauá do meu tempo. André Eisele mantinha fábrica de gelo na frente da Casa Verde. A Dona Finoca, sogra do Gildásio Bornes, vendia bilhetes e contava histórias do tempo em que morou no Rio de Janeiro. Detalhe da Travessa Mauá: todos os prédios de dois pisos e nenhum foi demolido até hoje.

Nesse tempo, com sucessivas trocas de locatários, conheci por lá o representante comercial e colaborador de O Debate Edson Fonseca, o servidor da Prefeitura Pedro Eduardo Vogel, Brasil Cattani, dono de barraca de couros, a Coletoria Federal, atendida por Rubem Corrêa do Nascimento e Euclides Bairros Pires, a Lavanderia Cristal, de Léo Vogt, Bertholdo Ilgner, proprietário do Hotel Brasil, e no prédio da esquina, com a Rua Marechal Floriano, a loja do libanês Zouer Khalil Kouatli. No andar de cima residia o Coronel Carlos de Campos Gay, Comandante da Guarnição Militar, com a filha Mary e os sobrinhos Telmo, hoje médico no interior de Santa Catarina, e Matilde, atual moradora no Rio de Janeiro. No Edifício Sepé Tiaraju, no andar terréo, morou o magistrado Paulo Boeckel Velloso, que anos mais tarde presidiu o Tribunal de Justiça do Estado. Aqui, ficou famoso despacho em que ele, bem humorado, corrigiu frase de advogado que trocou menos por “menas” coisas... Corrigiu o Dr.Velloso: “Menos é devérbio e devérbio não vareia...”

Quando Velloso foi para Porto Alegre, o apartamento foi locado para o Escrivão Judicial Wilson Marchionatti. Vizinho dele, de frente, o pecuarista Zeferino do Nascimento e Silva, conhecido como Farofa. Outros moradores: o militar e professor de Inglês Candido Pereira Miranda, meu pai Oscar Ernesto Jung, Eno Geiss, o militar Lenine Serrano, o plantador e lutador de boxe Fernando Machado, que treinava na Cova do Tigre, do Domingão. No Edifício Santo Antônio, o então bancário Jorge Krieger de Mello, Yvonoff Braga de Oliveira, também bancário, o vendedor de adubos Wilmar Cozzatti, assíduo contador de piadas no cafezinho do Cisne, Nelson Sessegolo, dono de farmácia e Raimundo Ferreira da Silva, que estudava na Faculdade de Direito de Passo Fundo, depois Promotor de Justiça. Adiante, a histórica Caixa Rural União Popular de Santo Ângelo, que desapertava muita gente com empréstimos, comandada por Siegfried Ritter, Augusto Jaeger e Walter Spannring e depois também com José Henrique Nozari.

Na esquina da Travessa Mauá com Marechal Floriano, funcionou por muitos anos a loja de confecções femininas A Moda, de Erna Cordoni. No andar de cima, a família do viajante comercial Luiz Cordoni, com os filhos Sérgio, atual médico em Foz do Iguaçu, Nara e Vera Lúcia. Os anos se passaram e quase a totalidade dos mencionados voltaram para o Outro Lado da Vida, de acordo com as leis maiores que presidem nossas vidas transitórias.


A FRASE DE MEIMEI:

“Sorri trabalhando e compreendendo, auxiliando e amando sempre.”



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