Publicado em 22/05/2024 às 16:50

Novos alvoreceres

Segundo especialistas de elevado quilate, a um bilhão de anos atras a conjuntura do nosso planeta era totalmente diverso do atual e, ao invés de ter ocorrido um distanciamento entre os continentes, na verdade, sucedeu-se um ajustamento, aglomeração das partes das partes sólidas, vindo a formar a atual conjuntura, essa certeza adveio de trabalhos exaustivos, desenvolvidos com a tecnologia disponíveis na atualidade, vindo a modificar as premissas vigorantes durante uma “eternidade,” por certo, causará espanto aos aficionados do assunto.

            O povo vítima dos fenômenos climáticos ocorridos no sul brasileiro (também verificados em diversos países), por certo, avistou amanheceres totalmente heterogêneos aos verificados no decurso de toda a sua própria vida, exceto, os remanescentes da grande enchente de 1941, ainda, àqueles vitimados pela intempéries ocorridas no vizinho estado de Santa Catarina, mais especificamente em Blumenau/SC, havia poucos anos, e esses alvoreceres dramáticos, rigorosos, espantosamente catastróficos, demonstraram a fragilidade humana e as suas edificações.

            A população alocada nas regiões mais afetadas, em especial, as ribeirinhas dos rios Taquari, das Antas, Jacuí, Sinos, Gravataí, Caí, Guaíba (este, rio, lago ou estuário), e outros de menor porte, no passado, representaram o fermento para os moinhos, olarias, engenhos, alimentos e outras tantos sonhos, alentaram a esperanças das gentes, por e através deles alavancaram a economia, geraram o progresso, sorriram amores, movimentaram tropas, alicerçaram as estruturas sociais, arquitetaram cidades, com a argamassa dos braços, embora a destruição, acalentam dias promissores.

            Novos alvoreceres nas mesmas terras, nos mesmos rincões, nas mesmas querências, porém, sem as casas decenárias, centenárias, na ausência das árvores, antes sombreiras, a brigar longevos e crianças, com as mãos encascurradas pelo labor e, abrigo de pássaros cantadores, os olhos que pousavam sobre o entorno, incrédulos, não veem vestígios dos galpões, dos abrigos para animais, apenas o solo e a sua flácida nudez, lavrada pelos desmoronamentos das encostas, efeito do gigantismo das árvores e o peso destas e das chuvas e a terra sem forças para sustenta-las.

            Nas manhãs do porvir, haverá cantigas de novos raiares, o mesmo sol exibirá outras texturas, a lua trará outros luares, as estrelas cativantes, não encontrarão os velhos açudes onde bailavam nas noites eternas, no terreiro das casas, vazio de aves, onde a solidão agora empresta o seu silêncio, o vácuo dos animais, transpira ausências, as mentes das gentes, passeiam no tempo, rememoram a infância, a juventude, a meninice embebida de saudades, navegam no colo maternal e, sem as tetas roliças de leite, de mãos acariciadoras, quem embalará novos sonhos, ainda que, de antigos sonhares. Um recomeço, bordado de novas auroras, com a força de um povo brioso!



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