Publicado em 27/06/2024 às 15:01

Fala: Mestre Jayme Guilherme Caetano Braun

Precursor do poeta crioulo – vertente inicial da poesia nativista das três Pátrias gaúchas – o Payador tem raízes profundas encravadas no mesmo solo dos trovadores da Idade Média europeia. Aqui – nas lutas demarcatórias – nas gestas da emancipação dos povos sul-americanos – foi changueador – carreteiro – bombeadora de tropas – chasque de milicos – carneador de tabladas – rastreador de baguais e desertores – domador – alambrador – peão de tropa – posteiro de estância aberta – guitarra a meia espalda, olhos de gavião mouro e horizontes por divisa.

Mestre de tropas não escritas. – no dizer de Juca Ruivo – criador de escola poética – o payador foi o {{troveiro}} - mestre continentino. O {{estilo}} – a  [[cifra}} e a milonga – as Três Marias do seu andejar teatino... Nas {{payadas}} primitivas e ao som  dessas três melodias – cantaou amanheceres, deslumbramentos – entardecereres pampas mal de amores – patriadas e potreadas, esperanças e desditas – sonhos e {{recuerdos vagos}}...

Bartholomê Hidalgo – pai da poesia nativa – gaúcho oriental – registrou na letra de formar no se´culo 19 – aquilo que os payadoresfalqueajaram cantando nos fins do século 18 em deante nas pulperias, no acampamentos de guerra – nas tolderias de índios e nos arranchamentos de chinas...

Na {payada de contrapunto}} – disputa entre dois contendores ou na payadasolita improvisando sobre qualquer assunto – ele foi a vertente aberta e permanente da poesia crioula que alimentou Hilário Ascassubi – Estanislaudel Campo – José Hernandes – Antônio Lussich – Rafael Obligado – El viejo Pancho – Elias Regules – Ramiro Barcelos – Juca Ruivo – Aureliano Pinto – Zeca Blau – Romildo Rizo – Carlos Gardel – Vargas Neto – João da Cunha Vargas – diferentes países – épocas diferentes mas o mesmo estiaslopayadoresco. Não confundir estilo Payadoresco com payador. Sandálio Santos – BerizzoGarcia o payador da Banda Oriental  - nosso mestre é o exemplo do poeta payadoresco e do payador incomparável – inspiração do vate crioulo e na expressão oceânica do pensamentoo. Parceiro fundador da Estância da Poesia Crioula, Sandálio marcou passagens admiráveis como poeta e como payador.

Em memorável noitada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, - {{payavamos }} os dois – o mestre e o aluno – num atrevimento nosso, fruto da veneração pelo talento inigualável do paisano – em payada de contrapuntos já no remate {{ a médias letras}} - dois versos para cada um: Jayme: me vou chegando ao final – porque meu copo secou; Sandálio: Ya ami – que me imortayo / si yosoy um manantial}}; Jayme:{{ pois a mim se passa igual /não me incomodam quebrantos}}; Sandálio: {{ largue no más sus cantos / sim miedo  - aparcerohiermano}}; Jayme: {{e assim terminam – Caetano e el gaúcho Sandálio Santos}.

Amostra de um remate de payada. Haverá fronteira capaz de separar essa afinidade. Duvidamos.se houver – cruzamos por cima – {{chamos por delante...

Payador – Santíssima Trindade da Bíblica Gaúcha – {{ sem o pai – sem o Filho e sem o Espírito Santo – mas com a alma grande – do tamanho do mundo – consciência de terra e sentimento de Pátria. Laus Sus Cri.

{ Y si cantando murió – aquel que vivió cantando -fué, decia suspirando – porque eldiablolovenció}}. Fim de Santos Vega – Rafael obligado. Viamão outubro de 1982.Jaymne Caetano Braun. Texto inserto na Revista do Nativismo, ano I, nº 1, editada em novembro de 1982. Respeitamos a grafia e demais, constantes da citada revista.



Compartilhe essa notícia: