Publicado em 19/09/2024 às 10:35

A cadeirada eleitoral

A disputa eleitoral em São Paulo, antes do término, deixou um legado desprezível aos eleitores: o baixo nível da discussão política entre os candidatos ao cargo de prefeito.

A troca de ideias e a apresentação de propostas não predominou nos debates. O destaque, salvo um ou outro espasmo de lucidez política, ficou por conta das agressões.

A política deve ser um espaço de serenidade. Os candidatos devem estabelecer um clima de respeito para que o eleitor possa avaliar as proposições e decidir, democraticamente.

O campo político precisa de soluções para a vida das pessoas que possuem o cotidiano marcado por violências plurais. Portanto, não acredito nos candidatos que apostam na violência física ou verbal, como se observa em Marçal e Datena.

Marçal notabilizou-se por frases desconexas repletas de impropérios destinadas a cortes milimétricos, conforme a lógica dos algoritmos nas redes (anti)sociais.

Datena, célebre apresentador de programas policialescos, num crime de ímpeto, sem controle emocional, depois de injuriado diante das câmeras, desferiu uma violenta cadeirada no adversário.

Sob o aspecto jurídico, os candidatos, por certo, serão chamados a responder nas esferas penal e eleitoral, mas o fato é que em nada contribuíram para o voto do eleitor, e isso merece absoluta reprovação.

O episódio na capital paulista serve de alerta ao país, fazer política, disputar uma eleição, exige civilidade, subir ao palanque para ofender ou estimular qualquer ato violento não deve ser relativizado, é algo grave que às vezes esconde a incapacidade política e o despreparo para o cargo.

Voltando os olhos para Santo Ângelo, tomara não tenhamos violências físicas ou verbais na disputa eleitoral. Se o debate de ideias é intenso, o clima, por sua vez, deve ser marcado pelo respeito.

Os candidatos são os únicos responsáveis pela construção de um ambiente apropriado para que o eleitor avalie o quanto cada um pode contribuir para uma cidade cada vez melhor. A celebração da democracia concretiza-se com o voto na urna; jamais com cadeiradas.



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